sábado, 19 de novembro de 2011

A Terra

A Terra é uma obra de Deus, é uma obra divina, com os seus sábios nesta evolução física atual. Mas, o que seria dos físicos? Enfim, o que seria desta ordem perfeita, com a atuação de mil planos em involução, se os espíritos já atuam pela mente, pelos compromissos, reprovações dos que já estão em outros planos? Então, o físico não teria capacidade.

Como estamos em realizações tão construtivas e seguras, não precisamos ir tão longe. Vemos os Mayas e outras antigas civilizações.

Vamos apenas cuidar do que temos! O que temos... Os mundos em Cristo Jesus, em nossas mentes, na lógica desta Doutrina.

Sucessivas ondas de civilização se espalharam por toda a Terra. Depois, a História se dividiu em duas partes, com a chegada de Jesus Cristo. Sim, Jesus simplificou o Homem, que até então era um pouco deus, um pouco animal, às vezes civilizado, às vezes selvagem!

Uma vez que a nossa Terra estava estabelecida no plano físico, sua vida foi dividida em sete grandes períodos. Durante estes períodos a vida se desenvolveu sobre estes grandes continentes - sete grandes raízes do reino animal/vegetal, ficando provado que o próprio ser humano constitui as células mentais deste planeta. Na medida em que evolui, reencarna num estágio de desenvolvimento sempre mais elevado. 

A Terra é um ser vivo, porque vive sob a ação e a reação do mineral, que constitui seus três eixos. Palpita o seu desenvolvimento. Jesus formou o grande continente, que se fez em sete. Poderoso espírito, diante do trono, o espírito de um Deus Todo Poderoso e humano. Jesus condensou as sete raças em sete planos, dito evolução. Verdade! Jesus separou os seus mundos em espécies, fazendo sentir suas diferenças. E, assim, a Terra se dividiu em dois corpos!

Sim, este o segredo da grande obra de Jesus na Luz Astral, por emissão soberana, que é o grande Deus, que significa o Ser antes do Ser.

A razão é a Ciência que demonstra toda a existência harmoniosa e a hierarquia, a maior e a mais santa de todo este Universo, esta grandeza incomparável que fez Jesus descer para operar as transubstâncias necessárias para que a Terra entrasse na faixa de transmutação celestial. 

O Homem é, portanto, um microcosmo: matéria, força, corpo e função. E como a Terra tem espírito, corpo e função, os seres orgânicos atuam no centro atmosférico da função matéria, onde se agasalham os seres orgânicos dos centros nervosos.

Os animais são seres organizados pela Terra. Conforme Jesus vai evoluindo a Terra, vão terminando também as animalidades. Já estamos, em nosso atual estágio, na existência material perfeita.

Salve Deus!

Tia Neiva.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pai Joaquim das Cachoeiras - Uma Pedrinha


 
Certa vez Pai Joaquim das Cachoeiras estava a atender um mestre em um Angical. O Mestre estava todo queixoso, maldizia de tudo, precisava tomar algumas decisões mas não tinha coragem de fazê-lo.
Pai Joaquim, com aquela paciência toda especial, se dirige a ele da seguinte maneira: "Meu filho, acredite em você. Coloque Jesus em teu coração. Pode tomar suas decisões. Acredite em sua intuição e em seu coração".
"Meu Pai, eu não consigo. Por mais que eu tente, não consigo", respondeu o Mestre.
Pai Joaquim pára um pouco e depois se dirige ao Mestre e lhe diz: "Meu filho, vou lhe contar uma historinha: Havia um grande mestre tibetano que tinha muitos discipulos, os quais devotava todos os seus ensinamentos, os preparava para a vida e dava todo o conhecimento para isto. Certo dia, após o sol se por no horizonte, manda chamar um de seus discípulos e lhe diz:"
- Meu filho, sinto que você está pronto para sua missão!
- E qual é esta missão Mestre ?, pergunta o discipulo.
- Terás que atravessar uma grande floresta. Depois que fizer isto, irá encontrar o que é seu...
- O que levo meu Mestre? Pergunta o discipulo.
- Todos os ensinamentos que lhe passei. Isto é suficiente, responde o Mestre
- Mas isto ainda é pouco, meu Mestre. Dá me algo mais. Um amuleto!
- O Mestre abaixa e apanha uma pedrinha polida que estava ali no chão, entrega ao Discipulo e diz: "Esta pedrinha é mágica, meu filho. Quando a dificuldade chegar e você não tiver mais saida, use-a e ela te salvará".
E assim fez o discipulo. Foi adentrando na floresta, os dias foram passando, a água e o pão foram sendo consumidos e as dificuldades chegaram. O discípulo, apavorado, não mais sabendo o que fazer, lembrou-se da pedrinha. Pegou-a junto ao peito e conseguiu atravessar a floresta.
Quando o discipulo saiu, lá estava o Mestre a esperá-lo. E perguntou: E então, meu filho, como foi?
- Meu mestre, se não fosse a pedrinha que o Senhor me deu, eu não teria conseguido, respondeu o discipulo.
- Meu filho, dá-me esta pedrinha que lhe dei.
O discípulo entrega a pedrinha ao Monge e ele a atira bem longe. O discípulo logo diz para o Mestre: "Mas esta pedrinha é mágica. Ela me salvou. O senhor não poderia tê-la jogado fora."
O mestre se agacha, apanha um punhado de pedras e, se dirigindo ao discípulo, diz: Meu filho, se você quiser aqui tem mais. A força, meu filho, está dentro de você. Não foi a pedrinha, foi você meu filho. A força de teu coração e de tua alma.
Pai Joaquim se dirige ao mestre que ali estava passando e lhe pergunta: "Você, meu filho, está precisando também de uma pedrinha?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Palavras que me Seguram e se Renovam Sempre


Certa vez, dois grandes sábios e seguidores de Cristo partiram em uma peregrinação, e chegaram a uma pequena cidade, onde um povo Cristão, feliz, lhes acolheu com carinho.
Mas grande era a necessidade daquele povo, em que Jesus colocara também forças desiguais.
Os sábios Mestres sentiram sua grande necessidade, como também um toque de vaidade por se verem tão úteis àquele povo.
Então perguntaram:
-CURAR ou DOUTRINAR aquela gente?
Curar, induzindo-lhes ao trabalho, pois todos aquele que se elava no trabalho, gradativamente vai recebendo sua lição, a verdadeira lição, a lição com o amor extraído do palpitar de sua mente e de seu coração, e não a lição da teoria, mesmo dos velhos sábios.
A lição de um sábio ontem pode ser, hoje, superada por uma magnífica manifestação de um discípulo.
O mais velho partiu. O outro não resistindo à sua vaidade, ficou e foi ensinar. Formou a sua Academia, limitando aos seus conhecimentos aquele povo.
Enquanto o que partiu jogou-se às práticas, escrevendo, traduzindo, acumulando tudo o que via, e não teve tempo de aproveitar sua linguagem, pois de certa forma, era projetado e sempre superado por tudo o que aprendia dos seus discípulos.
Por fim, já de volta, encontra-se com o velho sábio que recebe a mais ardente das lições:
O encontro com a caridade.
Aprender trabalhando e não ter pretensão de saber.
A dor é o espinho no coração do homem. Após extraí-lo, desabrocham conhecimentos trascendentais de que NENHUM Mestre é capaz.
Forçar a incorporação de um Médium é “virar uma página e limitar a sua lição”.
A faculdade mediúnica é força própria, individual. Cada um acumula à sua maneira. O Médium que não dá sua própria mensagem é um falso profeta.
A obrigação do Doutrinador é encaminhar o discípulo ao Cristo.
Salve Deus
Tia Neiva
06 de Maio de 1974

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Minha Vida Meus Amores

Dentro de mim começou um terrível conflito. Sai com ele e fui até Alexânia que ficava a uns 14 quilômetros dali. A minha cabeça era agora um vulcão e me sentia realmente irresponsável. Conflitos, conflitos era tudo que tinha na minha mente. “Eu compro um caminhão e ponho na sua mão e você vai pagando; você é a única mulher profissional. Você mascateando?” Ele me ridicularizou ao máximo e despediu-se dizendo com água nos olhos: “Me corta o coração, nunca mais porei os pés aqui, não quero vê-la nesta miséria, neste fanatismo. Pense em seus filhos Neiva!” Sentados na estrada ele se despediu e se foi, dizendo que confiava no meu retorno à estrada e juntos daríamos uma festa. Ouvi uma voz dizer: “Vai fia!” Continuei sentada ainda na estrada e tapei os ouvidos para não ouvir o barulho do motor do caminhão. “Vai fia”, disse Vovô Indú na minha audição. Pensei, como sou querida! Os espíritos preferem que eu desista a me verem infeliz. Meu colega saiu tão amargurado. Quando me levantei, já vinham atrás de mim e começaram os sermões. “Neiva, nesta missão em que nós confiamos a você, não podemos ter um gesto irregular, é feio para nós”. Porém, a minha dor agora era tão grande que eu mal ouvia aquelas palavras. Resolvi então continuar a minha farsa de companheira de Getúlio. Assim pude manter um pouco o respeito, sem causar tanto ciúme. Sim, meu filho, no campo da vida cada inteligência se caracteriza pelas atribuições que lhes são próprias. Senti, pois que a estrada é longa e que se processa, a cada passo, lentamente pelo chão. “Sede, pois, vós outros perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celestial” (Mateus 5:48) Daquele dia então, transformei a minha vida, e a fiz um facho de luz e amor, sentindo que as minhas dúvidas eram imortais. Preenchi todas as necessidades, fazendo das minhas ilusões um clarão de alegria a todos os meus desejos. Aos poucos fui me realizando com as curas constantes; fui superando as minhas frustrações, me colocando e passando a viver sob um céu espiritual de uma outra natureza, da qual dia a dia ia me conscientizando na minha clarividência.
Dois anos se passaram, estávamos agora em princípio de 1960, quando recebi de Pai Seta Branca a primeira missão. Eram seis horas da tarde e eu, mais do que nunca, sentia uma grande saudade, porém desta vez era algo mais fino, alguma coisa que eu não conhecia. Sentei-me na ponta do morro, embaixo do meu pequizeiro, quando Pai Seta Branca começou a fazer o meu roteiro e a mostrar tudo por onde eu passaria e a minha missão. Traçou então o meu sacerdócio ao lado de Umahan. Senti uma forte dor de cabeça e uma sensação de mal estar, e só me dei conta quando estava diante de um velho cor de cuia, barbas longas vestido com uma balandrau que me disse: “Salve Deus! De hoje em diante terás a força de uma raiz”. Foi difícil. A partir daí, mais ou menos às quatro horas da tarde começava o meu trabalho. Então me sentia como se estivesse com 38 graus de febre, minha cabeça rodava até o ponto de não me agüentar de pé. Deitada, as tonteiras se acentuavam e eu entrava numa espécie de sonho, um sonho em que me desprendia do corpo com perfeita consciência. Cada dia eu melhorava o meu padrão vibratório, consciente do meu trabalho. Então recebi de Pai Seta Branca novas instruções: para entrar num plano iniciático teria eu que fazer as pazes com todos aqueles que se dissessem meus inimigos. Então, já no terceiro ano de conhecimento ao lado de Umahan, segui até as cavernas a pedir paz e amor aos reis dos submundos. E assim o fiz. Me transportava e humildemente lhes pedia acordo, pois a nossa Lei não admite demanda. Fui à presença de sete reis, que me tratavam com mais ou menos ferocidade, porém eu reagia com amor e muita timidez. No caso do “Sete Montanhas” recebi até uma grande proposta. Ele quis me comprar de Pai Seta Branca e eu prometi falar com ele. Fazia as minhas recomendações e prosseguia, apesar do meu tremendo pavor. Nesse período eu vivia sobressaltada. Num desses dias que o sol não aparecia, ocasiões essas em que nossos pensamentos ficam mais tristes. Eu tinha muita coisa para fazer, porém me sentia um pouco sem forças. Recostei no meu pequizeiro e adormeci, me transportando. Entrei num suntuoso castelo. Tudo era riqueza e não me foi difícil saber que estava diante do trono do poderoso, o Exu Sete Flechas.

É inofensiva, tragam-na até aqui”


UESB-Serra do Ouro-1960

Dois grandes homens com pequenos chifres me seguravam pelos braços num gesto deprimente, enquanto o rei vociferava: “É inofensiva, tragam-na até aqui. Já tenho conhecimento dos seus contatos e virando-se para mim continuou dizendo: sua pretensão é muito grande em querer acordo, quando não tem nem mesmo um povo para a defender”. Respondi: Vou levantar um poder inicático e quero fazê-lo após vossa licença neste acordo, para que o seu “povo” não penetre na minha área. “Já sei muito bem, disse ele, das suas intenções. Eu me comprometo de não penetrar em sua área, antes, porém vou fazer um teste com você para lhe fazer sentir a minha força”. Eu disse apenas: Salve Deus! “Quero ver se você tem proteção, se ela a livrará de mim. Amanhã às três horas da tarde, vou arrancar todo o telhado de sua casa. Quero ver sua força!” Voltei para o corpo sentindo o sabor desagradável daquela viagem. Tornei a voltar onde ele estava, porém em outro local, em outro salão e desta vez tudo foi pior. Ele jurou na verdade que não tocaria nos meus filhos Doutrinadores, porém só se realizaria quando medisse sua força comigo. Sustentei sua ameaça três anos, até que um dia, eu já estava em Taguatinga, senti que as coisas estavam ficando perigosas. Fui pela terceira vez falar com ele e qual não foi o meu sofrimento: sua ameaça estava de pé! No meio de risos e deboches ele me disse que às três horas da tarde arrancaria o telhado de minha casa. Pensei em não ter medo, se ele até hoje não arrancou, não arrancaria mais. Qual não foi a minha surpresa: uma velha, dessas que vivem para melhor fazer suas cobrancinhas, mais ou menos às duas horas da tarde, começou uma das suas. “Ô irmã Neiva, como vai? Eu precisava tanto falar com você, mas dizem que você não fala com os pobres”. Eu fiquei possessa com a velha, baixei a vibração, e então só ouvi o urro do telhado, foi tudo para os ares! Só Deus sabe como fiquei humilhada. Pensei; Neiva você fracassou apesar de todas as instruções que recebeu.

26 Anos da passagem de Tia Neiva aos Planos Espirituais

Hoje 15 de Novembro, não posso deixar esquecer esta data.

                 26 Anos - Tia Neiva - 15 de novembro


26 Anos de Passagem aos Planos Espirituais!

Seus segredos ainda não foram todos desvelados, e seu Canto Universal é a cada dia mais presente neste plano.

Ela deu um Farol ao Mundo: O Doutrinador! O Terceiro Verbo em sua linha Iniciática que ilumina os planos com sua ciência e fé.

Ela trouxe a consciência ao Médium de Incorporação e o fez o Apará! A Voz Direta a nos encaminhar.

Ela deu sua vida, sua família, sua paixão e seu Amor à Missão que lhe foi confiada.

Deixou o exemplo, suas palavras escritas e toda a estrutura pronta para caminharmos. Para cumprirmos a Nossa Missão! Para deixamos de nos debater em nossos destinos cármicos e avançar pelo Amor Incondicional que semeou.

Salve Deus!

Que mais poderia fazer? Deixou tudo em nossas mãos e tudo o quê temos que fazer é trabalhar, trabalhar e trabalhar!

Trabalhar por nós mesmos. Reajustar o que um dia desequilibramos por não saber amar. Semear o Amor, o Perdão!

Trabalhar, porque pelo trabalho podemos ir além de nossos reajustes... Podemos evoluir! Ganhar de novo o direito de voltar para casa.

Trabalhar pelos que não conhecemos, por aqueles que também não fazem parte de nossos destinos cármicos e assim semear uma amizade inesquecível!

Quantos espíritos encaminhados... Quantos que poderão estar a nossa espera para nos receber ao realizarmos a nossa passagem... Rostos que nunca conhecemos, mas que nunca nos esqueceram, que nunca esquecerão o Apará, que um dia os recebeu, e o Doutrinador que um dia os encaminhou, permitindo mudar toda a sua vida, recomeçar de novo em mundo melhor.

Realmente ela cumpriu sua missão! Muitos perdem-se em suas vaidades e orgulhos... Horizontalizam uma Doutrina que nos chegou verticalmente. Mas não importa! Para estes um dia a consciência também chegará, pois depois de Tia Neiva, sempre haverá, em algum lugar, em algum tempo, um Doutrinador e um Apará, seus filhos, prontos para recebê-los incondicionalmente.

Salve Deus, Nossa Mãe! Seu tesouro não está nas mãos dos gritam pela sua posse. Seu tesouro está no coração daqueles que seguem sua jornada ouvindo a doce melodia de seu Canto Universal que ecoará eternamente pelos filhos de amor que consagraste.

Kazagrande



... É somente pela força do Jaguar, nesta Doutrina do Amanhecer, e na dedicação constante de nossas vidas, por amor, que podemos manipular as energias e transformar o ódio, a calúnia e a inveja em amor e humildade, nos corações que, doentes de espírito, permanecem no erro.

Quantos de perdem por falta de conhecimento e por não terem a sua lei. Nós temos a nossa Lei, que é o amor e o espírito da verdade!

Vamos amar, e na simplicidade de nosso coração, distribuir tudo o que recebermos, na Lei do Auxílio, aos nossos semelhantes...
Tia Neiva em 9 de abril de 1978

Oh, meu Pai Seta Branca!

Fizeste-me eterna em dois planos, tal foi o teu prazer meu Pai!

Esta vida frágil que se esvazia a todo momento, no entanto, manténs com amor e paz.

Soprando-me fizeste espalhar melodias eternamente novas.

As tuas mãos no meu pequeno coração, sem esquecer os limites da alegria, ensinando-me esta melodia universal.

Sei que o meu canto te dá prazer, meu Pai, e que só poderei aqui permanecer, pelo teu amor, até que, um dia, termine nesta missão e teus dons infinitos manifestar através de minhas pequenas mãos.

Quando me ordenas, meu coração parece que vai arrebentar de orgulho.

Olho para o teu rosto e os meus olhos se enchem de lágrimas.

Tudo o que é bom espero em minha vida, pedindo a Deus por tudo que vem desta missão.

Abençoado seja, meu Pai, este sacerdócio que me deste!”
Tia Neiva em 19 de maio de 1978

Tia Neiva - O Meu Canto

Ó, Jesus! eu olhei para o sol,
e senti que os meus irmãos lá do alto
me olhavam com ternura e reparação...

Olhei para o céu: senti que todo o universo etérico
se preocupava comigo...

Senti também, Jesus, que tudo o que eu pedia,
não dependia de lá,
e somente daqui toda a grandeza partiria...

Vi então, Jesus, que buscamos o que já temos aqui,
e que o mundo ilumina aos que sabem conquistar
e não aos que vivem das conquistas descobertas!...

E sentindo, Jesus, todo o amor desta revelação,
peço forças para que eu não venha a fraquejar
na conquista universal desta missão!

Para sempre... Sem fim...   Salve Deus!
Tia Neiva em 23 de abril de 1984

Jesus!
Eu mergulho fundo no abismo do oceano em forma de espaço para obter pérolas perfeitas para enfeitar aqueles que passaram o tempo de brincar.

Então, sabendo que um olhar lá do Céu azul me internara em silêncio, quando eu abandonar o leme sei que é chegada a hora e alguém me substituirá em meu posto, e o que resta fazer destas pérolas será feito instantaneamente.

Como é perfeita esta luta!

Então, não sairei mais, de porto em porto, neste barco estragado pelos temporais.

E agora anseio por morrer dentro do que não morre! Eu modularei, a meu ver, as minhas notas no eterno... nas pracinhas... nos albergues... onde for meu! Soluçarei ao revelar o meu último segredo.

Mais uma vez depositarei meu som silencioso aos pés dos que me levam de porta em porta, fazendo eu me encontrar comigo. Todas as lições que aprendi!
Eles me mostraram os caminhos secretos e puseram diante de meus olhos infinitas estrelas...

Eles me guiam durante o dia inteiro pelos mistérios dos carmas nos prazeres e na dor.

E, por fim, me envolveram nos caminhos da Doutrina e me fizeram Mãe, em Cristo Jesus, do Doutrinador e me ensinaram o canto imortal e me fizeram amor!...

Como a nuvem chuvosa do inverno, que se arqueia toda sob seu aguaceiro, deixe, Jesus, que todo o meu espírito se incline de porta em porta, numa única saudação: o Doutrinador!”
Tia Neiva em “Infusão” – 18 de maio de 1978

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EXUS

Salve Deus!
Para quem desconhece este principio de compactuar com exus vou esclarecer que é um atraso na sua evolução. Por mais que um Exu seja dono de seu mundo, ele é um espírito atrasado em sua evolução, ele é um sofredor que nem chega aos nossos pés, pois perdeu tudo que tinha por não aceitar a benção de Jesus. Quem compactua com ele, mesmo sendo desta doutrina, terá que pagar pelos seus atos, pois ele virá cobrar a sua divida. Nossos mentores não poderão interferir nesta decisão, pois você teve o esclarecimento necessário para não se envolver com eles, mas já que o fez, assuma seu compromisso.
Como diz na carta de nossa mãe, quem faz pactos com eles se endivida muito e tem sua vida cerceada pelas cobranças que eles promovem nos caminhos daquela pessoa. Eles não têm luz, não tem energia, não tem amor incondicional. Para eles o que importa é eles e mais ninguém. Se eles ajudam naquele momento em alguma coisa, depois eles tiram em dobro e largam a pessoa sem o mínimo de assistência.

Meus Filhos. Saibam, pois, que quando somos acessíveis, a todos emitimos raios de luz e amor. Filho, o seu progresso está no seu coração; agora o tempo esta curto; veja a inquietação que está crescendo em todo universo. Filho, antes de semear temos que provar se somos humildes, mesmo sendo abnegados como somos. Aprende a distinguir sempre o BEM e o MAL. Quando o homem retorna aos planos espirituais, é interrogado para prestar suas contas do tempo prestado na terra e suas possibilidades. A Fé é a determinação permanente de pensamentos construtivos; tudo que fazemos com fé e amor atingem o objectivo. Quando estamos confiantes temos aguçados os nossos ouvidos, sensíveis aos fenómenos deste mundo, sinal evidente de que não estamos voltados somente para nós. É a melhor maneira de conhecer nossa evolução, quando não passamos despercebidos das dores alheias, emitir o amor onde olhamos e sentimos graças por tudo ou pouco que temos. Filho, aqui esta uma explicação das actividades transcendentais onde você filho, terá que me ouvir para se consciencializar de sua missão, e de como se faz um sacerdote, como eu fui preparada, Salve Deus. A minha vida seguia o curso normal de uma mulher viúva aos trinta e dois anos, quando começaram os primeiros fenómenos de minha clarividência e começaram, também, as indecisões e tudo que havia planeado em toda a minha vida, que se transformava sem que eu percebesse. Sentia apenas como tudo mudava. Em 1959, tive que aceitar e morar na Serra do Ouro, onde ingressei na União Espiritualista Seta Branca.

Foi o mais terrível martírio pela brusca transformação de toda a minha vida. Meus filhos Gilberto, Raul Óscar, Carmem Lúcia e Vera Lúcia, estavam na crítica idade de estudos e desenvolvimento. Renunciei a tudo, porque somente uma lei passou a existir, o DOUTRINADOR. No dia 9 de Novembro de 1959, recebi o primeiro mantra Mayante. Minha cabeça se encheu de som, quando apareceu um lindo general do tempo da queda da Bastilha, dizendo chamar-se Claudionor de Place Ferrate, o qual após contar a sua história, ditou a letra do som que eu estava ouvindo, formando então Mayante, o mantra de abertura dos nossos trabalhos. Naquele mesmo dia, eu teria que concluir um grande compromisso sentimental e, qual não foi a minha decepção, comecei a ouvir Mayante e a sentir desprezo por tudo que sentia, inclusive um compromisso de nove anos. Eu bem sabia o quanto iria pagar por aquela renúncia. Porém não vacilei, me desliguei do compromisso e voltei para minha missão, e de joelhos em frente a Pai Seta Branca, entreguei os meus olhos a Jesus pela terceira vez. Comecei a reduzir as palavras sem conseguir vencê-las, procurando sempre harmonizar em mim meus pensamentos em acções de graças ao meu Reino. Não havia mais ninguém no mundo, fiquei sozinha esperando alguém que me conhecesse, caminhando solitariamente na noite, em caminhos invisíveis e sobre os campos vazios. Chorei filhos, chorei amargamente, porém, ao defrontar-me com alguém tinha sempre um sorriso nos lábios. Dos requintes dos salões, de uma vida de luxo, conheci a pobreza inconfundível, mil conselhos e seduções, nada, porém me afastando do bem na convicção das minhas visões. Aquela mulher moça, cheia de arrogância, perdia aos poucos o seu orgulho. Filhos, Deus não criou o homem inteiramente livre e eu precisava me encontrar com alguém do meu nível, que me compreendesse. Abordada por um grupo Kardecista, pensei em sair dali, daquela serra, pois tive mais uma decepção, quando disse que estava na missão do Doutrinador e fiquei confusa. Nesse mesmo dia, um colega de minha confiança, que muito se afinava comigo, chegou naquele exacto momento e qual não foi a minha surpresa, escandalizou-se, insistiu comigo para que fosse com ele argumentando, “você está fanática, você vai deixar seus filhos sem estudo”.

Meus filhos. Saibam, pois, que quando somos acessíveis, a todos emitimos raios de luz e amor.


domingo, 13 de novembro de 2011

O Amanhecer das Princesas na Cachoeira do Jaguar





Meu Filho Jaguar:

Não estamos preocupados com os velhos documentos das Velhas Escrituras, porém estamos sim, desejosos de saber onde os nossos antepassados encontraram tanta força e tanta coragem para chegar até aqui. Sim meus Filhos, o Missionário tem, graças a Deus, a sua energia e toda harmonia nos três reinos de sua natureza. Muitas vezes contando, até pensamos ser irreal o que nos dizem sobre os escravos e seus Missionários.

Vejam Filhos, estamos em festa, quando alguém anunciou que os Ferreiras já haviam cercado o Conga e queriam Juremá a todo o custo. Pai Zé Pedro, mais evoluído do que Pai João, foi tentando segurar o povo dentro do Conga e qual não foi sua surpresa, os crioulos novatos já haviam saído de dentro de casa e como loucos açoitavam os Ferreiras, fazendo se ouvir pragas, ameaças e gemidos! O feitor que estava do lado dos Ferreiras, sentindo que estava perdendo, gritou: Sou o feitor desta Fazenda. Estes Nagôs imundos estão me assassinando, socorro! Só se ouvia o urro do feitor, na escuridão daquela noite, fora atingido na coluna ficando inerte no chão, gritando como um louco. Zé Pedro foi ate o terreiro onde estava a briga e logo viu o feitor, estava aleijado para sempre.

Oh meu Deus! (gritou Pai Zé Pedro) Como poderemos assumir tal dívida com este pobre irmão?Nisto, alguém que ouvia gritou: Eu acho muito bom que ele nunca mais caminhe, para não chicotear os outros.

Meu Deus, meu Deus (dizia Pai Zé Pedro andando de um lado para o outro) Oh meu Deus! Este pobre homem que não vai nunca mais andar... Caminhando, deparou com um outro triste quadro. Efigênia, uma jovem negra estava ali também com o crânio aberto de pancadas. Era filha de Julia, uma paralítica. Zé Pedro não resistiu e foi buscar o seu Sinhozinho. Sim, nenhum dos Ferreiras havia morrido e quis a vontade de Deus, nem mesmo ferido. Foi então que um dos quarenta que ainda não havia se manifestado deu um urro e se manifestou dizendo-Salve Deus!

O sol já começava a esquentar seus raios, então o Nagô Pai Jerônimo disse: Levanta acampamento, leve Juremá. Escolhe o teu povo e segue rumo à Cachoeira do Jaguar, que desemboca nas águas grandes do mar. Nós, os Nagôs ficamos. Vamos buscar a desditosa mãe destas gêmeas (disse apontando para Jurema e Juremá).

Não! Eu não permitirei (gritou Zé Pedro). Como?(disse Pai Jerônimo). Como se atreve duvidar de teu irmão? Vão embora que eu a levo. Se demorarem terão mais mortes. Vamos, vamos logo. E desincorporou. Salve Deus. Zé Pedro e Pai João não esperaram mais. Não se sabe como, juntaram suas coisas ajudados pelo Sinhozinho e partiram dali. Só no caminho notaram que não faltava ninguém e, inclusive o feitor lá estava numa cama de varas. O Sinhozinho e a Sinhazinha despediram-se com amor. Quando já iam longe se ouviu um forte estampido. Era um tiro de cravinote. Os negros do terreiro, que já estavam de volta e o Sinhozinho com sua família, com a ajuda dos escravos que ficaram, enterraram os mortos e seguiram para a cidade onde moravam seus pais. Enquanto as crioulas contavam 108, faltando Jerônimo que ninguém sabia do paradeiro. Já era noite quando chegaram à Cachoeira do Jaguar. A lua cheia clareava as matas e o mar, as palmeiras balançando suas folhas como uma prece. Pai Zé Pedro sentando em uma pedra descortinava todo quadro por onde teria que passar com aquela gente.

Pai João chegou e os dois começaram a fazer os seus projetos. Sim, (diziam) Tudo pela condenação da matéria. A Terra... (disse Pai João) tão lindo o mar, no entanto a Terra é o que nos pertence, por ser a parte sólida deste planeta. Porém o que me conforta é que as forças cósmica continuam em atividade,porque neste universo não há inércia, tudo se movimenta em nosso favor pela benção de Deus. A sua atividade é essencialmente produtora desta nossa matéria orgânica e inorgânica logo nos dará novas forças, graças a Deus! Pai Zé Pedro que só ouvia, disse sorrindo-Onde aprendeste tanto? Isto não são palavras de Nagô! Estou consolando a mim mesmo, Pedro-Porque não pede ao Mestre Agripino?Ele é que me consola. (Foi quando os dois começaram a receber energia). Sim Zé Pedro, a atividade do homem é essencialmente produtora e as forças essencialmente ativas. Como já disse, cria na matéria orgânica este arsenal de forças, portanto temos que organizar um ritual, uma jornada, vestimentas que mudem a sintonia dos crioulos.

Zé Pedro, vamos erguer esta arma para o Céu. Sim João, é realmente um arsenal. Oh Meu Deus! E olhando a paisagem do lugar disseram-Faremos uma jornada em frente à Cachoeira, enfeitaremos as crioulas e faremos lindas princesas dos castelos encantados que já ouvi contar. E eu que pensei que você meu irmão, era um simples escravo! Sim (disse Pai João) tenho Agripino que vem nos meus sonhos e me conta tudo. Eu também tenho um Índio que me falava quando eu ia entrar no chicote do feitor. Riram, riram muito, de repente lembram do feitor. Meu Deus! O que vamos fazer com este pobre homem? De repente ouviram um grito. Era Jerônimo gritando, como se estivesse perseguido. Oh meu Deus!Nossa vida não tem fim. E os dois continuaram a sorrir. Sim, e o ritual? (perguntou um). Faremos! (disse o outro) Precisamos de energia para obter as curas desobsessivas. Salve Deus! Faremos tudo que Deus nos aprouver.

Os gritos continuavam e todos já vinham ao encontro dos dois.

Salve Deus! Meu filho Jaguar. Domingo vindouro lhe darei a continuação.

Com carinho

A Mãe em Cristo.

Tia Neiva.


Angical - Fazenda dos 3 Coqueiros


Havia nas imediações de Angical uma enorme fazenda, na época da famosa Fazenda Três Coqueiros, pertencente a Alfredo e Márcia, estes recém-casados, receberam esta fazenda como herança.

Do outro lado da Fazenda Três Coqueiros, havia uma cachoeira que era o limite desta Fazenda com a dos Ferreiras. Esta nobre e rica família dos Ferreiras, era gananciosa e cada um queria ser o mais rico, o maior, pois a vaidade e o orgulho eram as suas características. Naquela região perto dos Ferreiras havia inúmeras fazendas, grandes e pequenas, pertencentes a famílias que eram aliadas aos Ferreiras, e participavam das mesmas idéias cheias de maldade e ódio, pois a cobiça e a inveja faziam com que eles só pensassem em fazer o mal aos daquela Grande e bela Fazenda Três Coqueiros.

Eram rixas transcendentais, os Ferreiras e seus aliados sustentavam o ódio arraigado em seus corações. Estas duas famílias estavam sempre em choques e os aliados faziam trincheiras e tocaias, provocando inúmeras mortes e destruições. As mortes, porém, eram só de escravos. (Como diziam eles, escravos são pagãos, não merecem bom trato; eram comprados como um animal qualquer).

Certo dia Márcia saiu a passear a cavalo e foi até a cachoeira, ficando admirada com a beleza daquele lugar, daquela linda cachoeira. Sim, ali fora a antiga Cachoeira do Jaguar, de Pai Zé Pedro, Pai João e das Princesas. Sabia-se que ali existiu um fenômeno há cem anos atrás. Márcia que era uma médium de grande recepção parou e deslumbrada disse: É verdade, ali existiu um grande fenômeno de alguns escravos.

Nisso Valdemar Ferreira chegou e abraçando a Sinhazinha pelas costas disse: Ali houve um grande fenômeno, dizem os antigos de uns Pretos Velhos forasteiros. Imediatamente Márcia lembrou-se que Valdemar Ferreira era o mais triste dos inimigos de seu marido e lembrou-se que seu esposo lhe havia dito que ela jamais pisasse ali. Ela saiu correndo e o destino pregou-lhe uma peça: Um pequeno escravo de Valdemar viu Márcia ali com Valdemar e contou tudo a Alfredo. Márcia já esperava um filho de Alfredo. Todos aqueles escravos de Valdemar odiavam a Fazenda Três Coqueiros, por inveja, porque a vida dos escravos de Alfredo era boa, eles levavam uma vida normal. Até mesmo os feitores de Alfredo eram bem tratos e eram bons para os escravos, que não acontecia com o povo dos Ferreiras.

Certo dia o filho de Zefa, da Fazenda Três Coqueiros, começou a namorar uma crioula, escrava dos Ferreiras. Os escravos dos Ferreiras se voltaram contra o filho de Zefa, e o esfaquearam e colocaram-no na porta de Alfredo, deixando um bilhete no qual diziam que não queriam aquele cachorro lá. E mais, disse que quando o menino de Márcia nascesse, o mandasse para Valdemar. Márcia cansada e cheia de dores por causa da gravidez já adiantada, ouvindo os gritos de Zefa, correu ao encontro da velha escrava. É que Alfredo encontrou o rapaz esfaqueado e vendo o bilhete ficou cheio de ira e mandou que jogassem o rapaz no pasto longe da Casa Grande. Mãe Zefa, havia encontrado o filho e gritava por Márcia, para que ela tomasse conta do doente. Márcia mesmo cheia de dores foi ajudar Zefa e saiu com Pai Zé Pedro para buscar o pobre escravo, que havia passado a noite no relento e os urubus já sobrevoavam sobre seu corpo.

A bondosa Sinhazinha mandou que levassem o rapaz para dentro de casa, e houve um caso de desintegração: Márcia passou com o doente perto de Alfredo e este não os viram. Assim que Alfredo encontrou-se com Márcia sem explicar, mandou que ela fosse para a senzala e fez um cercado de grade e prendeu a Sinhazinha ali; mandou que Mãe Tildes cuidasse dela. Mãe Tildes era confidente e grande amiga de Márcia. Tão logo o filho nascesse ele mandaria para Valdemar. Márcia cativou todos aqueles escravos com o seu amor e dedicação.

Quando Zé Pedro, o velho Nagô, chegou para falar com Márcia, ela antes perguntou quem é este homem? Mãe Tildes respondeu: É um velho Nagô que recebe espírito no lombo. Pai Zé Pedro chegando e dizendo: Não Sinhazinha, não precisa ter medo. E virando para Mãe Tildes deu um muchocho “linguaruda, conversa demais”. Viu Márcia que aquele tinha uma força do céu, e se afinou com aquele homem.

Numa manhã, o sol já brilhava encantando com os seus raios toda a beleza daquela fazenda, eis que Márcia começou a passar mal e mais tarde a criança nasceu. Um reboliço muito grande dos Pretos Velhos se mobilizaram. E quando Mãe Tildes viu aquela criança passou a mão nela, enrolou-a numa coberta e levou para Mãe Zefa, lá no meio do cafezal dizendo: Vai Zefa, leva este menino, porque Alfredo vai matá-lo. Mãe Zefa saiu correndo com o menino e levou-o para a casa dos Ferreiras, sem saber o que estava acontecendo. Entregou-o a Sinhazinha mãe do Valdemar. Esta nunca poderia revelar que aquela criança fosse filho de Alfredo. E um grande segredo se passou entre Mãe Zefa e Emerenciana. Zefa foi embora e nunca mais se teve notícias dela.

Quando Mãe Tildes voltou do cafezal, levou um susto, pois Márcia havia ganhado mais uma criança, uma linda menina. (Eram gêmeos) começou a chamar a linda menina de Marcinha. Alfredo vendo a dor tão grande de Márcia acreditou que ela era inocente. Márcia não sabia que havia tido duas crianças e acreditaram os dois que só tivessem aquela menina. Alfredo, inclusive morreu pensando que só tinha aquela menina.

Certo dia que o crioulo apareceu para dar satisfação onde estava o menino. Mãe Tildes sofria sem saber se devia revelar o segredo de Márcia, foi perguntar ao Nagô e este lhe disse que não, ela jamais podia revelar a verdade. Era um erro ela querer assumir a dívida de Márcia. Por outro lado, Mãe Tildes desconfiava de Márcia, quando viu o menino, pensando que ele fosse filho de Valdemar, pois parecia demais com aquele senhor. O Nagô mandou chamar Márcia e disse que ela voltasse para a Casa Grande, porque o seu marido ia ficar louco e teria um fim muito triste. Márcia saiu dali com o coração apertado, sabia que Alfredo não tinha condições de continuar aquela vida.

O tempo passou ligeiro e Alfredo morreu louco. Márcia enclausurou-se naquela casa. Marcinha, já mocinha começou a namorar o filho de Valdemar. Quando o rapaz entrou em casa, Mãe Tildes foi correndo a Pai Zé Pedro e disse a ele que estava perdida, pois cortou o carma de Márcia e agora estava vendo casar com irmão. Nisso a porta se abre e Marcinha feliz, abraça Pai Zé Pedro e a Mãe Tildes, dizendo-lhes que ia se casar; ele quer casar-se comigo, e continuou: O Coronel Valdemar, tem dois filhos, sabe, o mais novo tem o dedo emendado, pregado um no outro, mas esse não tem, esse é perfeito e não parece nada com o outro.

Pai Zé Pedro falou: Não lhe disse Matildes, a grandeza de Deus não tem limites? Este não é filho de Márcia, e Mãe Tildes perdeu a voz até que Marcinha se casou com aquele rapaz. Márcia não soube a verdade sobre seu filho até o dia em que Emerenciana o revelou. Jacó tinha dois dedos emendados, esta era a prova do filho legal de Alfredo, este tinha também os dois dedos pregados um no outro.

No dia do casamento de Marcinha, veio a Lei Áurea, a abolição da escravatura, e foi uma terrível confusão. Tiros e brigas. Da. Amália morreu (esposa de Valdemar) Da. Emerenciana, na hora de morrer mandou chamar Márcia e revelou o segredo: Jacó era seu filho, contou toda a verdade, Márcia antes de morrer abraçou seu filho Jacó, cheia de emoção. Mãe Tldes que era um espírito tão santo teve que pagar ainda esta pena. A culpa de ter reparado um carma indevidamente. Eis o que acontece com quem corta ou interfere nos destinos dos outros.

O pessoal de Alfredo, aqueles escravos, aquela gente que ouvia Valdemar, culpando os Ferreiras, da Fazenda Três Coqueiros, se arremessaram contra a Fazenda Três Coqueiros ficando pela força de Deus, apenas Mãe Tildes, Pai Zé Pedro, Uraí e Urail. O Nagô fugiu com Mãe Tildes e as duas Crioulas para a Fazenda da Cafeeira.

Marcinha casada, levou consigo seu irmão Jacó. Foi uma mortandade tão grande que no outro dia exalava mal cheiro daqueles cadáveres. Veio então a volante, polícia Baiana e com dificuldades se reajustaram com aquela gente.

Na Fazenda dos Ferreiras, ninguém triscava a mão. Vieram de longe os velhos Coronéis e Sinhozinhos. Pais de Alfredo e Márcia queriam levar consigo os netos, Marcinha e Jacó, estes porem não quiseram voltar. Todos que passavam por ali, falavam da triste tragédia daquele povo. Povo este, espíritos espartanos vindos de nossa origem e aqui não suportaram as velhas rixas.

Os Ferreiras, alguns que fugiram, continuavam a se entrincheirar para novas tragédias. Mãe Tildes e Pai Zé Pedro fugiram dali para o Angical.

Por hoje é só. Aqui estão os que se precipitaram os malvados desta tragédia. Ainda faltam componentes desta história. Neste instante, porém, diante dos senhores e das senhoras, não posso avaliar quais dos senhores foram os Ferreiras e quais foram Pereiras.

Só Deus neste instante poderá avaliar quem foram.

Salve Deus Tia Neiva.