sábado, 3 de dezembro de 2011

Um Pouco de História


A chegada dos escravos africanos impulsionou a economia mundial. Era o braço forte a ser explorado na colonização das novas terras descobertas. Tornou-se um hábito normal e aceitável, inclusive pelas religiões, que dominavam o sistema educacional e pregavam que os negros eram uma “sub-raça”, incapazes de evoluir intelectualmente, e deveriam ficar sob a tutela do “branco”, que os redimia na religião salvadora. Até mesmo nos livros escolares daquela época encontramos as referencias que citei.

A escravidão no Brasil durou até 1.888 (por isso no mantra cantamos “na era dos 8" – referindo-se a 1.888). Entre estes escravos, diversos Jaguares e até mesmo Tumuchys e Equitumans reencarnaram.

A lição obtida deste período é extremamente relevante: Não podendo impor e atender os desejos do corpo e da alma (personalidade transitória = alma), o escravo era praticamente obrigado a ceder às exigências de seu espírito. Encontrando em sua individualidade a única liberdade que dispunham. Assim, nasceram as primeiras práticas mediúnicas no Brasil e a “didática dos Pretos Velhos”.

Muitos destes espíritos alcançaram nesta época a redenção do carma, e hoje, continuam sua jornada nos auxiliando para que possam nos receber, nas mesmas condições, ao voltarmos ao Plano Espiritual.

Dentre os grandes líderes de outrora, dois tiveram um papel fundamental em nossa atual jornada no Vale do Amanhecer: Pai João e Pai Zé Pedro de Enoque. Nos 372 anos que durou a escravidão no Brasil, eles foram escravos em duas encarnações.

Na primeira encarnação, Pai Zé Pedro e Pai João eram escravos vindos em um navio negreiro, contavam com aproximadamente 14 anos (os dois tinham quase a mesma idade). Como bons missionários, foram os primeiros a sentir na carne os rigores da dolorosa experiência encarnatória.

Sofreram todas as dores, violências físicas e psicológicas passíveis da escravidão. Diferente do que muitos pensam, eles não eram irmãos e muito menos gêmeos. Ao contrário, viveram inicialmente em fazendas distantes, mas encontrando o contato com a Individualidade, se transportavam e conversavam entre si. Muitas vezes inconscientemente, e outras com a consciência desperta.

Pai Zé Pedro tinha um “senhor” na figura de um homem muito bondoso, que admirava suas palavras de sabedoria. Em determinado tempo, “converteu-se” a fé e sabedoria deste admirável africano, e acabou aceitando comprar um negro indiano (proveniente da Índia) que viera no mesmo navio que Pai Zé Pedro. Este indiano era ninguém mais que Pai João de Enoque. Juntos fisicamente e sob a proteção de seu senhor, podiam fazer na senzala praticamente tudo que sentissem a intuição.

Pai João, um dos antigos imperadores de Roma, mais habituado aos reinados e comandos, era o executivo. Pai Zé Pedro, mais místico, executava a Magia. O sincretismo religioso transformava as entidades espirituais que cultuavam em “santos da Igreja Católica”. Unindo assim as forças da Raiz Africana e Indiana, Olorum e Obatalá, em uma nova raiz, iniciando assim o Terceiro Sétimo.

Ao envelhecer o escravo era considerado inútil para o trabalho, e quando esta fase chegou para nossos amados dirigentes, dedicaram-se a prática dos “encantos e da magia”.

O Imperador, líder de tantos, o poderoso e influente político, os dois, agora reduzidos a forma de escravos, já haviam convivido em outra civilizações onde não se usava a escrita. As ordens eram transmitidas e recebidas pelo som, pelo comando da voz, pelas senhas secretas, pela magia vibratória. Suas memórias estavam treinadas, nesses milhares de anos, pela gravação dos fatos narrados, cantados e expressos pelo som.

Como espíritos veteranos deste planeta e integrantes da missão do Cristo Jesus, Pai João e Pai Zé Pedro eram possuidores da necessária bagagem mediúnica e iniciática que lhes facilitava a tarefa.

Assim, os escravos se comunicavam, davam vazão aos anseios de seus espíritos, pelo gesto, pela dança, pelos cânticos e pelos gemidos...

O instrumento mais simples e mais prático foi o ATABAQUE. Pai João sentava-se num toco e tocava seu atabaque. Seu som cadenciado ia formando os MANTRAS, que se espalhavam misteriosamente nas florestas e nas almas dos homens. Nasciam os cultos afro-brasileiros.


Para reflectir no fim de semana



Jaguar!

Parece que somos passageiros na eternidade, mas a verdade é que somos eternos dentro do temporário. Ou seja, somos o eterno no movimento da vida que segue.

Tudo passa! O que marca é a experiência adquirida.

As culpas e as mágoas também passam.

No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem no eterno as coisas passageiras.

As experiências vão, mas o aprendizado fica. A evolução é inevitável.

Aprenda que a dor é um aviso, o adversário um instrutor, o obstáculo uma lição, e o passado uma advertência.

Pai João
(gravado há muitos anos)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Principes Maya


 
Salve Deus!

            O ano de 1985 começara marcado pelas idas e vindas da clarividente ao Hospital, no ano anterior a falange receberia o canto dos Principes, entregue pelo Mestre Gilberto Zelaya ao então Primeiro Príncipe José Carlos. Então a Falange começou a ocupar os trabalhos que até então na época haviam que era a honra e guarda na Benção de Pai Seta Branca e a condução das bandejas de Sal e perfume e da espada no ritual do casamento. Já quase no segundo semestre do ano de 1985 os Principes Maias que praticamente eram só Ajanãs, só faziam o canto da falange,pois até aquele momento não foi entregue aos missionários o canto da Cavaleiro especial, nem pelos Devas ou Tia Neiva.
            Anteriormente a falange também foi entregue ao Adjunto Yucatã que preferiu não aceitar tal convite. Então, em um trabalho de unificação Tia Neiva chama o Mestre José Carlos e lhe diz que a parir daquele momento O Adjunto Yuricy Mestre Edelves Iria ajuda-lo na condução da Falange.
            Em 1985 o Mestre Wilson Paulino assume de forma oficiosa a regência da falange. Podemos firmar sem sombra de dúvida que foi o período que a falange cresceu muito. Tanto que a entrada do Doutrinador na falange deveu-se a tenacidade desse mestre que acompanhado pelo Mestre José Eudes chegam a Tia Neiva , a parir daquele momento começaria a integrar na falange o  Doutrinador.
Também devido a força do Mestre Wilson  Wilson Paulino Adjunto Huranor, o príncipe passou participar da recepção da escalada fazendo a emissão e o canto da falange. Também ativou sua participação no trabalho de quadrante.
            Com o desencarne de Tia Neiva, o mestre José Carlos vai para o Rio de Janeiro, e o Mestre Wilson Paulino assume oficialmente a condição de Regente Principe Maia.
Em quinze de novembro de 1986, alguns Principes,para homenagear o primeiro ano do desencarne de Tia Neiva, vão para estrela candente e juntamente com várias ninfas de variadas falanges realizam o primeiro trabalho que ainda hoje é realizado mensalmente no Templo Mãe e também em alguns locais onde há a estrela candente nos templos do Amanhecer. Da mesma forma também surgiu o trabalho de Abatá com a participação dos príncipes Maias. Também esse trabalho era realizado com a   participação livre de todos. Tanto o Príncipe participava com outras ninfas, assim como  com a indumentária de Jaguar ou prisioneiro e fazia o canto de sua preferencia. Canto do cavaleiro ou da falange.
            Como havia muitos regentes os Devas exigiram que o Adjunto Yuricy designasse um Primeiro para a falange, pois havia somente regentes. Ela escolheu dois Mestres o Mestre José Eudes, o primeiro Príncipe doutrinador a surgir na falange e o Mestre Soares(Ajanã) . Logo depois ela indica o Mestre Gilmar Ad Adelano que posteriormente seria consagrado na presença dos quatros Trinos Presidentes como Primeiro Príncipe Maia deste Amanhecer.
            Uma grande parte dos trabalhos que participam os Principes Maias se deve ao Adjunto Yuricy e consecutivamente as ninfas yuricys onde os Principes  acompanham a Ninfa Yuricy. Um exemplo dessa situação é a recepção da escalada. Neste trabalho a Ninfa Yuricy representa o Adjunto Yuricy (pois era mestre Edelves que fazia essa recepção), nessa situação ela( a ninfa yuricy) é a anfitriã daquela força(entrega de energias) que acompanha o comandante da estrela candente. O príncipe maia é honra e guarda da ninfa yuricy , que junto com os outros missionários fazem sua emissão na abertura para acender a chama da vida.
            Contam que os Principes Maias no espaço quando estavam para implantar na Terra seus representantes tinham como meta não estar ligado a nenhum Adjunto, ou seja, serem livres. No que a os executivos da doutrina não acharam convenientes. A solução foi a seguinte; Koatay 108 se colocou como Madrinha da falange e logo depois no canto colocou  a seguinte frase: “Obedeço e obedecerei as leis que me regem deste amanhecer”.
            Todo jaguar esteve encarnado como um componente da civilização Maia, mas nem todos tem a missão de serem Principes Maias. São missionários que acima de qualquer situação tem um compromisso com Pai Seta Branca e portanto devem estar sintonizados com a força decrescente da doutrina e estar contido nesta força e força decrescente nessa doutrina é: Trinos Presidentes Triadas Tumuchy,Araken,Sumanã,Ajarã; Adjuntos de povo; e Devas...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Conversa com a Clarividente Neiva


Qualquer atitude do Homem na faixa vibratória da evolução é válida, porque estamos em um mundo onde se confundem as sombras e as claridades. 
Todos os males da vida concorrem para o nosso aperfeiçoamento. 
Sob o efeito de todos estes ensinamentos e pela dor, pelas provas e pela humilhação, desprendemo-nos lentamente para a vida eterna. Vivemos no meio de uma multidão invisível que assiste, silenciosamente, a lógica desta nossa Doutrina, nos dando segurança e nos facilitando a conduta de um mundo para o outro. 
Quando o Homem aprender a trabalhar harmoniosamente deixará de se enganar a si mesmo, sentindo-se injustiçado ou aguardando a compaixão, sem a justiça. 
Sim, porque é na vida mesmo que se deve procurar os mistérios da Morte! 
A salvação ou a reparação começam aqui. O seu Céu ou o seu mundo inferior estão aqui!
Filho, a virtude é compensada. Não faça desta vida o infernal templo dos teus anseios.
Filho, as células do nosso corpo agem, sempre, de acordo com os impulsos nervosos emitidos do cérebro. 
Filho, há um exército de auxiliares medianeiros entre nós e Deus, procurando velar por nós embora reconheçam o nosso livre arbítrio.” (Tia Neiva, 18.2.82)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Relacionamentos



RELACIONAMENTO
Emmanuel
(Francisco Cândido Xavier)

Se dificuldades e provações te visitam, no relacionamento com o próximo, não te permitas requentar mágoas no coração.
Deixa que a confiança na Sabedoria Divina te dissipe qualquer sombra do pensamento, lembrando o Sol a desfazer nuvens diariamente para vitalizar e revitalizar os processos da vida.
Para isso, é imperioso que a compreensão te presida os impulsos. E a compreensão te fará saber que os outros são criaturas autônomas, gravitando sempre na direção de objetivos diferentes dos teus.

A certeza disso te livrará da solidão negativa, capaz de induzir-te a desânimo e desespero.

A verdade nos ensina que ninguém realiza o bem e nem caminha para o bem, sem os outros, mas porque isso aconteça, ninguém pode exigir que os outros lhe carreguem a existência, nas sendas a percorrer.
Os outros serão nossos cooperadores, intérpretes, associados e companheiros, enquanto isso se lhes faça possível, ocorrendo o mesmo conosco, em relação a eles.

À vista disso, ama aos amigos sem prendê-los...

Esse terá sido o sustentáculo de tuas esperanças, por muito tempo; entretanto, é possível surja um dia em que não consiga permanecer inteiramente ao teu lado, em face de novas tarefas que lhe despontam na senda.
Outro te entendia os propósitos, até ontem; no entanto, experiências, que se lhe fizeram necessárias, alteraram-lhe provisoriamente os raciocínios.
Aceita-os quais se mostram, continuando a agir no exercício do bem e seguindo adiante na construção da vida melhor em ti mesmo.
Ninguém aprende algo de bom e nem melhora a si mesmo, sem os outros, mas ninguém pode depender totalmente dos outros nas realizações que demande.

Nos momentos de mudanças e renovação para aqueles a quem mais amas, afasta de ti a idéia de separação e não te lastimes.
Prossegue trabalhando, porque, pelos Desígnios da Vida Superior, outros virão ao teu encontro para a execução das tarefas que o mundo te conferiu e os que se afastam de ti voltarão depois, com mais força de amor, a fim de te auxiliarem ou serem auxiliados.

A verdade não se deteriora.
Somente perde os seres queridos aquele que possessivamente os procura, quando se fazem distantes, porquanto quem ama, ama sempre, e de tal modo que, ainda mesmo quando os corações amados se distanciam, o coração que ama prossegue amando-os e abençoando-os, sabendo conscientemente que, pelas forças do espírito, jamais deles se afastará.

Do livro "Calma", Emmanuel (Espírito), Francisco C. Xavier (psicografia)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mensagem de um amigo recem desencarnado


Eu estava distraída quando percebi a chegada de um amigo, de uma pessoa que passou aqui pelo Vale e que teve apenas dois ou três contatos comigo.
- Ó, Tia, que bom lhe ver! Depois de tanto tempo, Tia, só agora me é possível ouvi-la. Passei muitos dias sentindo a sua presença, o seu amor, porém sem vê-la. Por quê, Tia?
- Porque você está em um plano e eu estou em outro!
- Mas o seu plano não é Universal, Tia? A senhora não é clarividente? Os clarividentes não penetram até a terceira dimensão?
- Sim, meu filho - falei - a minha transvisão ultrapassa realmente as barreiras, mesmo as ditas intransponíveis...
- Tia querida, está me ouvindo, e isto é tudo! Como é bom lhe ver e lhe ouvir. A senhora sabe de tudo que aconteceu comigo!...
- Não, meu filho, muitas vezes participo de tudo, vou ao socorro dos enfermos e, quando volto ao corpo, não desperto, a não ser em casos que exigem seguidamente minha presença. O que aconteceu com você é um caso demasiadamente comum e, graças a Deus, não houve necessidade para me despertar, despertar a minha mente quando volto ao corpo.
- Preciso desabafar, querida Tia. Preciso lhe contar toda a minha trajetória.
- Eu sei, meu filho, que vai lhe fazer muito bem. Está na mente dos Doutrinadores e médiuns Aparás (sensitivos). Salve Deus, meu filho! Pode começar. Tire os últimos resíduos da Terra, e que neste instante seja levado até aos Encantados e entregue aos Iniciados o mantra de sua vida!
- Salve Deus, Tia! Foi tudo tão maravilhoso... Eu estava com aquele problema cardíaco que a senhora sabia quando fui lhe consultar. Mal me punha de pé, estava sempre seguro no ombro de Dulce, me equilibrando das tonteiras e com pontadas dolorosas na coluna. A senhora, para me aliviar, me disse que eu nada tinha, que era um problema espiritual, muita mediunidade incubada, e me mandou falar com Pai Jacó. Pai Jacó me disse palavras de conforto, belas palavras, e depois me disse que meu caso era de internamento. Fiquei três dias na pensão do Edivaldo, de quarta-feira a sábado. No sábado, fui procurar Pai Jacó e ele novamente me falou que meu problema era espiritual e que na frequência dos meus Retiros haviam se libertado três elítrios. E, realmente, eu já caminhava sozinho, vinha buscar minha água de Pai Seta Branca, e subia sozinho até a pensão do Edivaldo. Recebi muito carinho do Alencar, palestrei com o Eurides. Ele me contou como veio parar aqui no Vale do Amanhecer e da sua dedicação à senhora, também. Estranhei a atitude de Pai Jacó em me mandar de volta ao hospital, porque eu estava tão bem como nunca. Dulce, minha companheira, estava satisfeita, pois nunca me vira tão bem como eu estava me sentindo. Os dias que permaneci aqui no Vale me abriram uma nova perspectiva. Comecei a me preocupar com as coisas que não havia feito, com as oportunidades que tive em mãos para fazer o Bem e, no entanto, deixei de fazê-lo! Graças a Deus, nunca fiz mal a ninguém. Sim, conscientemente, nunca fiz mal a ninguém. Senti que era outro homem, com novas forças, com as forças do Bem brotando dentro do meu coração! Comecei, então, a pensar na morte como um alívio. Lembrei-me de que eu e Dulce, minha mulher, nunca tivemos um filho e nunca tive coragem para adotar uma criança, o que era o grande desejo de Dulce. Lembrei-me, também, de uma mulatinha, uma mulherzinha que havia se prostituído e fizera tudo para nos dar uma filhinha, e eu não aceitei. Dulce chorou muito por causa de minha intransigência. Com a minha doença, ela se dedicou inteiramente a mim. Porém, senti que a havia magoado, pois ela apegou-se à família e queria sempre voltar para o Rio. Eu era um sargento reformado. Senti que minha missão com a família de Dulce já havia terminado. Depois de minha permanência no Vale eu pensava que, com a minha morte, Dulce voltaria para o seio de sua família, e tudo ficaria bem. Comecei a ver o meu egoismo: ficava bom para ela, como aconteceu realmente! Seguindo as palavras de Pai Jacó, embora sem saber a razão de me internar pois me sentia tão bem, saí no domingo do Vale e fui para casa. Comecei a passar mal. Foi horrível, só tendo alívio quando sentia a presença de Pai Jacó ou tomando a água de Pai Seta Branca. De segunda para terça eu me internei no Hospital das Forças Armadas. Ah, Tia, que beleza! Foi tudo tão fácil! Senti uma forte dor na nuca, que foi se acentuando, e, por último, uma dor no peito. Eu fui ficando leve, leve, leve... Comecei a fazer força para me deitar. Pensei: estou no Vale do Amanhecer. Comecei a mentalizar aquela confusão, enquanto me sentia cada vez mais leve, até que ouvi minha mulher chamando a enfermeira, dizendo: ele está morrendo, ele está morrendo!... Não sei por quanto tempo ouvi essas palavras de desespero. Comecei a ter medo, até que entrei em transe. Naturalmente, a minha mente entrou no nível etérico, onde fui prestar as contas com o meu corpo. Eu, que até então estava leve, comecei novamente a pesar, sentindo o calor dos fluídos maléficos do meu corpo. Comecei, então, a me lembrar dos trabalhos de Pai Jacó. E o que poderia estar acontecendo comigo? Comecei a me ver andando para a pensão do Edivaldo, com uma garrafa de água fluidificada, ouvindo Pai Jacó me dizer: “Você já perdeu muito tempo... Vá para o hospital se tratar e venha fazer a caridade!” Pensava no jovem aparelho de Pai Jacó (Gomes), que já havia feito tanta caridade. No entanto, eu, com 58 anos, nada fizera! Tudo era suave, como se nada de mais houvera acontecido. E as visões foram se apagando. Por mais que fizesse força, nada via e nada sentia, nem mesmo dores que me dessem algum sinal do que estava acontecendo. Era como se estivesse dentro de um avião parado no espaço. Não tenho noção de quanto tempo durou esta operação. E quando me vi em outra situação, numa rica e hospitaleira mansão, estava sozinho, inteiramente sozinho! Estava envolvido por uma grossa neblina, a poucos passos de mim, num ambiente todo coberto por uma luz lilás, cuja intensidade variava de conformidade com minha mente. Não tenho noção do tempo. De repente, alguém me chamou pelo nome. Importante: não era o meu nome, porém eu sabia que era eu! Um nome completamente diferente. Começaram os primeiros fenômenos. Enquanto esse homem falava (a voz era masculina), a névoa ia se desmanchando, clareando, passando do lilás escuro para lilás mais claro. O som de belíssimos sermões mântricos foi firmando minha mente no encanto daquelas palavras. Senti balançar o meu corpo de coisas que havia feito. De quando em vez pensava estar sonhando um lindo sonho. De quando em vez, voltava à realidade. Ora sentia saudade, ora sentia desejos de vícios diversos. A paisagem mudava de acordo com meus pensamentos. Fui, então, me conscientizando dos fatos. O sermão continuava, dizendo coisas de que nunca me esqueci: “Homens endurecidos! Penetrem em seus corações e examinem as suas consciências. Vejam o que é possível fazer. Permanecerão sete dias dentro das suas próprias consciências. Não terão desejos. Depois, então, voltarão com as suas mentes à Terra e de lá partirão para onde lhes aprouver.” Fiz um esforço muito grande querendo dizer: Onde estou? Qual é a minha condição? Mas minha voz não saía. Porém, tive resposta: “Terás que permanecer aqui ainda por mais noventa e seis horas. Dentro de ti entenderás melhor. O Homem vive na Terra a volúpia dos seus dias... Sua única preocupação é com sua própria segurança material, esquecendo-se da verdadeira missão, do que foi fazer realmente. Na Terra, o Homem vem para restituir o que destruiu. O Homem não tem forças para chegar aos mundos superiores enquanto sua mente estiver sob o peso da destruição que causou!” De fato, Tia, tentei me levantar de Pedra Branca, de onde estava, mas acredito que nem o super-homem o conseguiria. Foi então que me passaram pela mente minhas faltas, na concentração daqueles dias. Senti imensa frustração pelo que havia feito. Interessante, Tia, que eu não senti tanto pelo que fiz, mas, sim, pelo que deixei de fazer. Quantas pessoas a quem deixei de ajudar, e as quais desprezei! Ia deixar, agora, a Pedra Branca, porque foram sete dias dentro de mim mesmo. Em todas as minhas orações me lembrava de Pai Jacó e de seu aparelho; a todo instante tinha a impressão que ele chegava ali. Durante estes sete dias, ninguém vi e nada senti. Somente tinha respostas do que eu pensava. Lembrei-me, também, da minha pobre Dulce. Tudo isso, porém, eram lembranças longínquas. Minha preocupação era, realmente, com as coisas que não fizera, que passaram por mim e eu deixara de fazer. Lembrei de José, um subalterno que teve tanta necessidade de mim e a quem não ajudei, por quem nada quis fazer. Eis que chegou a hora de sai dali. De repente, tudo se modificou: achei-me numa grande rodoviária, iluminada pelo mesmo clarão lilás. Vi saírem pessoas com diversos destinos, sem saber para onde. Foi quando ouvi uma voz de comando superior ao nosso plano ali: “Destino para a Terra! Equilibrem-se para a viagem!” Levei o meu pensamento imediatamente ao Vale do Amanhecer. A voz de comando avisou a chegada na Terra. Cheguei pela manhã, Salve Deus! Parecia que havia chovido, porém, Tia, não tenho muita certeza. Comecei a enxergar com dificuldade e as coisas mudavam conforme meus pensamentos. Mudavam, porém nunca saiam daquele lilás baço, mais claro ou mais escuro. Senti muita saudade e pelejava para saber quem era eu realmente. Se alguém perguntasse meu nome, passaria vexame, pois não sabia! Ouvi tocar a sirene e me lembrei de Edivaldo. Fui até lá, mas não enxergava direito. Ele passou por perto de mim e segurei o seu braço, balbuciando alguma coisa. Ele não me atendeu. Tocou a sirene outra vez. Eu voltei e entrei no Templo, indo parar na mesa branca. Enxerguei luzes, muitas luzes, que desapareceram de repente, ficando novamente a luz lilás. Olhei aqueles médiuns ali sentados e não vi Pai Jacó. E antes que pensasse, senti um forte safanão e fui atirado em um aparelho, um homem. Comecei a chorar com todas as minhas forças. Meu Deus! Onde estou, para onde irei? - pensava. Essas perguntas me torturavam e fiquei irritado. Dei um grito. Um Doutrinador me explicou: “Que tens, irmão? Calma! Este corpo não é seu. Comporte-se direito...” Senti uma grande vergonha e voltei a chorar. O Doutrinador continuou: “Quando estavas neste mundo, nada fazias. Agora, precisas saber que este corpo não é teu.” Quis dizer: Pai Jacó me proteja, pelo amor de Deus! Então, me aconteceu um fenômeno: Ouvi Pai Jacó me dizendo: “Filho, estás com Deus! Se receberes a doutrina desses médiuns, que estão te dando esta oportunidade, partirás para outros mundos!” Aquelas palavras foram caindo em mim como o orvalho cai sobre a flor. Pai Jacó, meu paizinho, não me desampare! Enquanto eu me preparava, o médium se contraía pelos maus fluidos da desencarnação recente, que hoje eu entendo tão bem! De repente, me desprendi dos meus benfeitores e passei pelo processo da verdadeira desintegração. Fui jogado para uma estufa que se ligava aos meus benfeitores. Saí e, então, avistei uma cidade diante de meus olhos. Foi quando me dei conta de que havia morrido! Comecei a sentir saudade de minha pobre Dulce e a me preocupar. Não sei por quanto tempo durou esta situação. Fui internado em um hospital e lá começaram meus conflitos. Ficava a olhar tudo quanto podia ver, maravilhado, porém com uma angústia terrível. Sofria profunda insatisfação ou a falta de algo, de alguma cousa que deixara de fazer. Pensei que sentia falta da Dulce. Pedi ao meu Mentor que me levasse até onde ela estava, e fui. Porém, me senti tão inútil! Perseguiam-me as recordações do cabo José, da criança que eu deixara de adotar... Pedi ao meu Mentor que me desse uma nova missão, porque aquela já estava perdida. Pedi para voltar imediatamente. Estava de volta quando me deparei com o cabo José no mesmo plano meu. Fui correndo ao encontro dele, chamando-o como um desesperado, e, por duas vezes, ele virou-me o rosto! Continuei e parei à sua frente dizendo: “Não sabia que você havia morrido!” “Como? Como não sabia? Eu lhe havia dito que estava com pneumonia e precisava de um internamento. O senhor me virou as costas e, ainda mais, mandou que eu seguisse em frente! Não aguentei, e uma forte hemoptise me fez cair ali mesmo, esvaindo-me em sangue.” Meu Deus! Caí de joelhos diante do cabo, pedindo-lhe perdão. Oh, Tia Neiva, foi horrível! Ele virou-me as costas e desapareceu numa fila enorme. Meu Deus! Não fui apenas malvado, porém muito pior, fui desumano, não existindo amor em meu coração. E aqui estou, sofrendo angústias e frustrações pela missão perdida. Fui ao Ministro pedir uma nova oportunidade para voltar à Terra, e foi mais um vexame por que passei. Os Mentores me negaram, dizendo que ficaria para resolver o que realmente me restava fazer!” (Tia Neiva, 30.11.75)

Furando Filas



Uma das piores atitudes de desrespeito doutrinário é “furar fila”.

Infelizmente os médiuns que manifestam esta atitude parecem que realmente não compreendem o quê estão fazendo dentro do Templo.

Um trabalho espiritual é realizado na Individualidade. Sempre repito que somente com uma mediunização perfeita é que encontramos nosso verdadeiro “eu”, nosso espírito, e nos tornamos aptos a desempenhar a caridade construtiva. Construtiva porque vai beneficiar a todos, inclusive ao praticante, que com ela semeia a ruptura de seus próprios círculos kármicos.

Quem tem responsabilidades no Templo, nas escalas, nos comandos, tem a obrigação de chegar primeiro e por isso não existe real necessidade de “furar fila”. Ao saber de seu compromisso, deve entrar chegar com antecedência e posicionar-se de acordo com sua realidade.

Existem situações excepcionais, mas são excepcionais! Não podem virar justificativas permanentes para preguiça ou irresponsabilidades.

Um Adjunto de Povo, deve dar o exemplo e chegar antes, porém ele dispõe da prerrogativa de passar na frente para emitir e acrescentar forças ao Trabalho.

Mestres sem função definida não irão acrescentar em nada passando na frente. Apenas receberão as vibrações dos que estão percebendo sua falta de conduta.

Conduta, hierarquia, respeito... Acima de qualquer preceito está o Evangelho: Amor, HUMILDADE e tolerância.

Passar na frente na realização da Estrela Candente... O trabalho será executado com sua presença no começo ou no fim da fila! A harmonia deve estar acima de qualquer necessidade pessoal ou vaidade. A fila do coroamento deve ser na ordem hierárquica, mas o preço do posicionamento não deve jamais ser a desarmonia. Entre um Arcano e um emplacado a diferença que vemos é somente física, não sabemos quem é quem nos Planos Espirituais. Sua hierarquia espiritual não está no colete, está em seu coração, em seu espírito, em seu Amor, Humildade e Tolerância.

Recordo de um Mestre, que não citarei o nome porque sei que sua humildade não permitiria. Um Rama 2000 antigo (posteriormente consagrado Arcano de forma indiscutível e de aprovação unânime). Este Mestre, do Templo Mãe, viajava muito em missão pelos Templos do Amanhecer (viaja até hoje), mas sempre que estava em Brasília participava da Estrela. Aproveitava ao máximo as oportunidades para se “reabastecer”. Bem, eu sempre o via no fim da fila. Conhecido como era e com as responsabilidade que tinha na Doutrina, ninguém o questionaria ou se desarmonizaria se ele fosse direto para o começo da fila, mas ele insistia em manter-se no final. Logo que ele foi consagrado Arcano, e observando que ele mantinha a mesma atitude, eu lhe perguntei por que não ia na frente junto com os outros Arcanos. Ele me respondeu:

Meu irmão, eu quase sempre aproveito uma oportunidade para vir trabalhar e quase nunca tenho a oportunidade de convidar uma Ninfa. Então, como vim Apona, meu lugar é no final, se conseguir uma Ninfa ainda assim não seria justo passar na frente daqueles que chegaram cedo já acompanhados e que na maioria das vezes já ficam lá de pé esperando o início, para poder passar antes. Além do mais, o trabalho se realiza comigo aqui atrás ou lá na frente, na minha Individualidade o quê vale é o trabalho, não a posição!

Mas agora você é um Arcano, e a fila não é em ordem hierárquica?

Sim, mas todos aqui são Centuriões e representam um Ministro. Quem sou eu para passar na frente do representante de outro Ministro? Ele chegou antes, o lugar é dele. Eu fico aonde eu chegar e vou sem pressa. Pressa não combina com trabalho espiritual. Temos horários, não temos correria!

Nunca esqueci esta lição e deste dia em diante larguei mão de querer exigir um lugar.

Kazagrande