sexta-feira, 7 de junho de 2013

Equitumans


Há cerca de trinta mil anos antes de Cristo, chegou à Terra um grupo de espíritos missionários com corpos diferentes dos nossos, com estatura entre três e quatro metros, tendo uma fisiologia que os tornava quase indestrutíveis na Terra. Estavam plenos de Deus e da Eternidade, pois sua constituição era de pura luz e sua individualidade era conhecida apenas de Deus e dos Grandes Mestres.
Para poderem cumprir sua missão, passaram a habitar corpos densos e, para operá-los, tiveram necessidade de criar corpos intermediários - as almas.
Até então vivendo sem cuidados pessoais, começaram sua odisséia individual neste planeta, em que o meio físico já estava sedimentado, porém sujeito às variações de busca de equilíbrio em sua órbita ao redor do Sol.
Da nebulosa inicial já se haviam passado bilhões de anos, e a energia telúrica, concentrada na pirosfera, emitia poderosos feixes magnéticos e ondas de força que iam plasmando mares e terras, elevando montanhas, formando vales, distribuindo as águas e formando sistemas atmosféricos onde proliferavam as formas de vida vegetal e animal.
Os Equitumans vieram em chalanas (*), desembarcando em sete pontos do nosso planeta, trazendo uma alma singela, obedecendo às normas espirituais e sabendo utilizar as forças cósmicas, especialmente as do Sol e as da Lua.
Foram padronizando a exploração das energias vitais com vistas à energização da Terra, enquanto utilizavam energias das usinas solares contrabalançadas pelas geradas por usinas lunares.
Cada uma das regiões ocupadas tinha seus planos evolutivos, sendo controladas suas alterações na crosta terrestre e dispondo de aparelhos específicos para os trabalhos. Sendo de constituição diferente dos terráqueos e portando grandes poderes, são lembrados por vestígios desse início civilizatório, principalmente, pela mitologia desses povos, pois eram verdadeiros deuses, portadores de forças prodigiosas e de conhecimentos fantásticos.
Para a colonização da região andina, desde o sul da América do Sul até o centro do México, foi enviado um grupo destes que chamamos de Equitumans. Ocuparam aquela região, mesclando-se com os indígenas e de certa forma se distanciando de suas origens, alterando sua fisiologia e reduzindo seus poderes.
Como simples mortais, após dois mil anos de quedas e provações, foram liquidados por cataclismos que atingiram a Terra, desencadeados por uma nave espacial - a Estrela Candente - que sepultou o núcleo central da civilização dos Equitumans num lago entre o Peru e a Bolívia - o Titicaca.
Na nossa Corrente, o lago Titicaca é uma “lágrima da Estrela Candente”, nave que, sob o comando do espírito que chamamos de Pai Seta Branca, transformou a Terra.
Um grande tesouro da civilização Equituman está oculto na região do rio Araguaia, na serra do Roncador.
Em “2000 - A Conjunção de Dois Planos”, Amanto ensina a Tia Neiva sobre os Equitumans. Mostra-lhe o lago Titicaca e pede que ela force sua visão para ver o que estava sob as águas. Ela começou a perceber formas estranhas de casas, máquinas e corpos físicos desencarnados, de grande estatura, mal se distinguindo do lodo sedimentar. Amanto explicou: “O que você está vendo é o testemunho físico de um drama sideral, da falência de uma civilização que foi promissora na evolução da Terra. O que você está vendo é o túmulo dos Equitumans, construído com água e terra pela Estrela Candente!
Esses espíritos foram preparados em Capela durante muito tempo. Neles foi destilado, dia a dia, o anseio evolutivo, o desejo de realização e despertado o desejo de colaboração na obra de Deus. Eles aprenderam a história da Terra, seu papel no conjunto planetário, e se prepararam para o estabelecimento de uma nova civilização deste planeta.
A idade física da Terra se contava em termos de bilhões de anos e muita coisa já havia acontecido antes. Isso, porém, não era de seu domínio mental, pois assim o exigia a didática divina. Só é dado ao Homem saber aquilo que é necessário a cada etapa de sua trajetória. O impulso criativo e realizador reside exatamente no terreno entre o conhecido e o desconhecido de cada ser.
Assim estavam estes espíritos quando vieram à Terra. Isto aconteceu 30 mil anos antes da vinda do Cristo Jesus.
Os Mestres haviam preparado o terreno em várias partes do globo. Mediante ações impossíveis de lhe serem descritas, foram alijados da superfície certas espécies de animais e outras foram criadas. Os climas e os regimes atmosféricos foram contrabalançados e o cenário estava preparado. Eles foram trazidos em frotas de astronaves e distribuídos pelo planeta em sete pontos diferentes. Esta região foi um dos pontos de desembarque. Os outros foram onde hoje são o Iraque, o Alasca, a Mongólia, o Egito e a África. Esses locais servem apenas como referência, pois, na verdade, eles tinham o domínio de grandes áreas. Tinham enorme poder de locomoção e de domínio sobre os habitantes de cada região.
Seu principal poder residia na sua imortalidade, nas suas máquinas e na sua tecnologia. Eram quase imortais. Não tinham a mesma organização molecular dos seres que aqui já se encontravam. Seus corpos tinham sido preparados em Capela e traziam em si dispositivos naturais de sobrevivência. Eles só corriam o perigo de afogamentos ou destruição física. Seus maiores inimigos eram os grandes animais e os acidentes. Eles eram normais em tudo.
Sua língua, a princípio, era a mesma, mas, aos poucos, ela foi se diferenciando, conforme os grupos com que foram convivendo. Em algumas regiões da Terra ainda se fala a língua original dos Equitumans, inclusive em algumas tribos de índios brasileiros. Mas, além da linguagem articulada, eles usavam a telepatia entre si. Isso, aliás, foi o que causou a degenerescência da língua inicial. Para se entender com os outros eles adaptavam sua linguagem ao meio.
Eles se tornavam mais velhos pela passagem do tempo, mas sem degenerescência. Suas células traziam em si princípios diferentes das células dos seres comuns. Na verdade, os mais velhos eram apenas mais experientes, mais adaptados nas tarefas. Eles amadureciam na sua alma, mas não no seu corpo. Eles contavam ainda, para a conservação de seus corpos, com a assistência dos Mestres, com quem mantinham contatos permanentes. Às vezes acontecia de um Equituman não evoluir de acordo com a tarefa e ceder seu corpo a outro que sofrera um acidente. Neste caso, o espírito do cedente simplesmente era recolhido ao planeta de origem.
Em Capela, eles eram organizados em casais afins, almas gêmeas, e não havia reprodução como aqui na Terra. Mas aqui, eles foram submetidos ao processo sexual normal e tiveram filhos. Só que seus filhos nasciam com um organismo comum, igual ao dos mortais. Assim, foram nascendo outros Equitumans mais preparados para a Terra, como iam se desenvolvendo. Suas mentes ágeis permitiam a constituição de organismos adaptados às regiões onde nasciam. Daí os tipos diferenciados que deram origem às raças modernas, como contam precariamente seus historiadores e antropólogos.
O principal estímulo dos Equitumans era seu livre arbítrio. Eles eram pequenos deuses a quem estava entregue a tarefa de civilizar um planeta e dispunham de ampla liberdade para isso. Seu único compromisso era o de observar os propósitos civilizatórios apreendidos nas escolas de Capela.
A idéia fundamental era o estabelecimento de condições ecológicas que permitissem a vinda de novos imigrantes. Famílias espirituais inteiras sonhavam com a oportunidade de colonizar, colaborar com a obra de Deus na Terra. Mas, se dispunham das grandes vantagens de seres extraterrenos, eles tinham as desvantagens do terráqueo na sua animalidade física.
Cedo se manifestou a velha luta entre suas almas e os seus espíritos. Não tinham religião. Tinham um conjunto doutrinário, cujas coordenadas eram formadas pela hierarquia planetária, cujo centro era o Sol. Com isso, não tinham a preocupação com a busca de Deus, pois tinham um universo amplo e objetivo, suficientemente dimensionados para não necessitar a busca de uma finalidade.
Mais tarde, no declínio de sua sintonia com os planos iniciais, essa doutrina derivou na religião do Sol.
Durante mil anos os planos seguiram sua trajetória prevista. Os núcleos foram se expandindo e muitas maravilhas foram se concretizando na Terra. Basta que se observem alguns resíduos monumentais na sua superfície para se ter idéia. Verdade é que essas ruínas são de difícil interpretação pelo Homem atual. Uma coisa, porém, elas evidenciam: as ciências e as artes que permitiram sua elaboração estão fora do alcance do Homem de hoje. Até hoje os cientistas não conseguiram explicar, por exemplo, o porquê e como foram feitas as estátuas da Ilha da Páscoa ou as pirâmides.
A partir de agora, uma parte destes mistérios será desvendada. Dois fatos contribuirão para isso: a curiosidade científica despertada para fatos estranhos e as convulsões que a Terra irá sofrer.
Os Equitumans se comunicavam de várias maneiras. Dispunham de forças psíquicas e de aparelhos que lhes permitiam a troca de experiências.
Isso explica, em parte, as semelhanças arqueológicas que estão sendo encontradas em lugares distantes e aparentemente sem possibilidades, naquele tempo, de comunicação entre si.
Também viajaram entre planetas e chegaram não só à Lua, como a Marte e a outros lugares do nosso sistema. Essas viagens, porém, só foram feitas no segundo milênio, com o começo da hipertrofia de seus egos, à semelhança do que está acontecendo agora.
A partir do segundo milênio, eles começaram a se distanciar de seus Mestres e dos planos originais. Seguros na sua imortalidade e intoxicados pela volúpia de encarnados, eles começaram a ser dominados pela sede de poder. Depois de muitas advertências, seus Mestres tiveram que agir. Ao findar o segundo milênio de suas vidas, eles foram eliminados da face da Terra.
A Estrela Candente foi uma nave gigantesca que percorreu os céus da Terra, executando a sentença divina. Em cada um dos núcleos Equitumans, a Terra se abriu e eles foram absorvidos, triturados e desintegrados.
Aqui é um túmulo deles, e como este existem outros túmulos.
Agora, com o próximo degelo dos pólos, muita coisa virá para a luz do Sol!
O plano não falhou: só não se cumpriu em toda a plenitude. Muita coisa foi feita que permitiu a evolução da Terra. Já os grandes animais haviam sido afastados, tornando habitáveis as principais porções de terra. Os princípios da tecnologia e as sementes da vida social formavam um lastro imperecível na mente de muitos habitantes. O padrão espiritual então existente foi permitindo a materialização da natureza e tudo foi se modificando. Os imortais Equitumans foram se transformando em lendas e deuses e o Homem foi construindo suas cidades e suas religiões.
A partir daí, os grandes missionários começaram a vir à Terra e os Equitumans, recolhidos no Planeta Mãe, começaram a reencarnar nos descendentes de seus antigos corpos. Aí então teve início outro tipo de luta: alguns desses espíritos, saudosos de seu antigo poder, começaram a se organizar no etérico da Terra e a formar falanges.
Os antigos poderes psíquicos foram sendo sedimentados em manipulações mediúnicas e os dois planos - o físico e o etérico - intensificaram seu intercâmbio.
Um grande missionário, que hoje, para nós, se chama Seta Branca, responsável pela Estrela Candente, reuniu os remanescentes mais puros e os dividiu em sete tribos, que foram distribuídas nos antigos pontos focais dos Equitumans. A eles coube recomeçar a tarefa interrompida. Cada tribo compunha-se de mil espíritos.
Foi aí que foram criadas as hierarquias dos Orixás, os grandes chefes que tinham a virtude de se comunicar com os Mestres.
O processo civilizatório dos descendentes dos Equitumans se foi realizando nos milênios subsequentes, principalmente pelos Tumuchys (*). Duas dessas tribos deixaram caracteres mais marcantes: os que mais tarde se chamaram Incas e os posteriormente conhecidos como Hititas. Outra tribo que também teve muita importância nos acontecimentos foi a dos Índios, cujo núcleo foi iniciado aqui, nas margens deste lago. Cedo eles adentraram para Leste, em direção ao Atlântico, e para o Norte, na rota do Amazonas. (...)
Ao desencarnarem de suas agora curtas vidas, eles se recusavam seguir os rumos normais de Capela e preferiam perseguir suas próprias quimeras nos planos etéricos. Juntaram-se, assim, em falanges e, graças ao conhecimento adquirido, procuraram sempre reproduzir a situação inicial. Esqueceram-se eles de que, desta vez, não tinham a bênção de Deus e nem o auxílio precioso dos Mestres, suas máquinas e seus corpos imperecíveis.
Eram imperecíveis, mas no sentido inverso do que foram na Terra física. Nos seus corpos iniciais, os princípios vitais lhes permitiam viver, como aconteceu com quase todos, até a destruição externa, propositada. Suas mentes, porém, através de suas almas, se evoluíam e progrediam sem parar.
Na economia sideral dos planos da época, a indestrutibilidade dos corpos atuava como fator de segurança que permitia a esses seres enfrentar as tarefas ciclópicas sem titubear, além do respeito que impunham a seus descendentes, as vantagens da memória física milenar e outras.
Já no plano etérico, sem as vantagens do plano físico, sem a contínua assistência dos Mestres e sem os planos da Engenharia Sideral, suas mentes foram se degenerando na atrofia inexorável desse plano.
Isso é um círculo vicioso, em que o ser cada vez mais perde as perspectivas e se ilude com as próprias sensações. Grande parte de sua atividade se concentra na alimentação de seus corpos etéricos, cuja maior fonte de energia é o ectoplasma da Terra, dos seres vivos. Em vez de terem suas cabeças erguidas para o Céu, para as fontes puras de energia divina, são obrigados a tê-las voltadas para baixo, para os seres encarnados, de onde parte sua alimentação energética.
E o coração do Homem está onde estão seus interesses. Tudo o que acontece com os seres humanos lhes interessa. Tendo uma falsa noção de poder, reminiscência dos poderes que possuíam, eles sempre pretenderam influir nos acontecimentos humanos e, em parte, o conseguem. Sua confusão mental, entretanto, os faz crer ser possível a retomada da antiga posição de 300 séculos antes.
E assim podemos juntar duas épocas distantes e entender os enredos tenebrosos dos dias atuais. Equitumans encarnados, Equitumans no invisível etérico e Equitumans nos planos mais evoluídos - esses são os elementos das lutas atuais no Brasil.
Hoje, esses espíritos nem sabem mais que foram os poderosos Equitumans que foram à Lua e a Marte. Os que estão encarnados têm menos noção ainda. Acrescente-se que esses encarnados, presos aos círculos cármicos, vêm se endividando e pagando dívidas num círculo quase vicioso.
Muitos dos atuais políticos passaram pelas lutas dos dois ou três mil anos, talvez mesmo anteriores.
E agora, no fim de mais um Ciclo, quando o planeta urge passar a categorias melhores, fazem-se necessários o reajuste e o reequilíbrio. Por isso, os inocentes de hoje não o foram ontem. É preciso ter compaixão e ajudá-los, mas isso deve ser feito com a serenidade que o Cristo nos proporciona, com a justiça Evangélica de as árvores serem reconhecidas por seus frutos.”
Os espíritos que se mantinham puros naquela fase civilizatória do planeta e, portanto, tinham condições de retornar a Capela, eram recolhidos e recebiam instruções dos Grandes Mestres, reencarnando, em seguida, para cumprir novos planos na Terra.
Assim foram formados os Tumuchys, os Jaguares e os Mussuman. Esses eram antigos Equitumans que voltavam com liderança e em condições superiores aos demais habitantes, bem como em corpos preparados para maior tempo de vida terrestre e para ações determinadas, vedadas aos demais. Em lugar da evolução marcada pelo espírito, com o poder da criação e características próximas de Deus, pois está mais próximo da eternidade, a mudança fundamental da Terra foi sendo realizada com base na alma, o que significa conflitos, relacionamento pelas diferenças, ações desencadeadas por fatores positivos ou negativos, marcada do já criado, do transitório, da elaboração transformista.
Houve momentos em que, por conseqüência de movimentos telúricos, com cataclismos e movimentação das placas terrestres, predominava o plano puramente físico; outras fases, em que predominavam as lutas entre as civilizações mais avançadas e outras menos evoluídas, predominava o plano psíquico. Com isso, o espírito só conseguia predominar em pontos restritos e herméticos, atravessando os séculos em segredos profundamente guardados na tradição oral e escrita das doutrinas secretas, no segredo das iniciações, do ocultismo e do esoterismo, evoluindo e se revestindo de características próprias, adequadas à região ou à missão envolvida nos diversos grupos.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A História do Doutrinador


A HISTÓRIA DO DOUTRINADOR
Por Trino Maralto
Mestre Gilfran

Há muitos anos, em um jantar na casa da Vó Sinharinha, mãe de Tia Neiva, escutei pela primeira vez, a história de um espírito que foi trazido à presença de Nossa Mãe pelos Mentores, para contar sua história que deveria ser recontada aos filhos de Pai Seta Branca.
Eu era adolescente e fiquei impressionado com aquele relato. Foi muito interessante, pois à medida que a Tia ia contando, as imagens se formavam na minha mente e nunca mais as esqueci.
Escutei pela primeira vez, a Tia contar a história e ela sempre falava que era a HISTÓRIA DO DOUTRINADOR.
Em um lugar do Brasil, final do século 19, havia um rico fazendeiro que possuía uma grande quantidade de terras e nela havia instalado “meeiros”. Os meeiros eram famílias que recebiam um pedaço de terra para cultivar e na época da colheita davam metade do que produziam para os donos das terras. Tinha um único filho, um rapaz muito bonito, forte e inteligente, que gostava muito de andar a cavalo pelas terras do pai.
Uma dessas famílias era formada por um casal de velhos e uma moça com 15 ou 16 anos, muito bonita e meiga, que ajudava seus pais no dia-a-dia daquela vida difícil. Um dia ao passar pelas terras desta família o rapaz viu a mocinha e ficou encantado com sua beleza. Ele achava que tudo que estivesse naquelas terras pertencia ao seu pai e consequentemente a ele, e sentiu-se no direito de levar a moça consigo. Colocou-a no cavalo e seguiu tranquilamente para sede da fazenda. O pai da moça, que estava na roça, ao ouvir os gritos da esposa e da filha saiu correndo e conseguiu alcançar o rapaz. Começaram a discutir e o velho tentou arrancar sua filha do cavalo. O rapaz desceu e começaram a lutar. Como era mais forte, ele acabou matando o velho. Colocou a moça novamente no cavalo e saiu como se nada houvesse acontecido.
Foi um desencarne muito violento! O espírito do velho saiu do corpo com muito ódio que nem completou o processo normal de desligamento do corpo físico. No processo de desencarne o espírito sai pela boca e se posiciona acima do corpo, a cabeça acima dos pés e os pés acima da cabeça. Num período de mais de 24 horas acontece uma transferência de energias, do corpo físico para o espírito com exceção de uma energia, a Centelha Divina, que fica no corpo físico e se torna o “Charme”, uma energia que é o registro daquela encarnação. Em caso de acidentes, o processo de desencarne começa mais 24 horas antes. Após este período de transferência de energias, os Médicos do Espaço fazem o desligamento do espírito, uma cirurgia espiritual, e o levam para Pedra Branca, onde ficará por mais sete dias. Então, chega o momento mais preciso! O espírito “acorda” e o Mentor o traz para o plano etérico da terra, onde de acordo com a sua consciência e seu livre arbítrio, ele tomará a decisão: partir junto com seu Mentor ou ficar preso na Terra por algum apego material ou sentimental. Este processo de desencarne não é uma “regra” geral, pois cada caso é um caso!

No caso daquele senhor, o pai da menina, ele desencarnou com tanto ódio que se tornou um obsessor. A velha não aguentou e morreu de tristeza. Após ficar algum tempo com a moça, o rapaz abandonou-a, e ela também logo desencarnou. O tempo foi passando... O fazendeiro morreu e o rapaz, agora um homem casado, assumiu o lugar do pai. Ele era um homem bom, justo e amoroso com sua família, com seus escravos e empregados. Todos gostavam dele. Morreu bem velho, deitado em sua cama com todos rezando e chorando ao seu redor. Em toda sua vida só cometera um erro, um grande erro!
Quando despertou nos Planos Espirituais e tomou consciência da sua última encarnação e, principalmente do “estrago” que tinha feito àquela família de agricultores, entrou em desespero.
Ele pedia muito à Deus por uma oportunidade de reencarnar, para reparar o grande mal que causara aqueles seus irmãos. Queria voltar à Terra e ter uma vida de muito sofrimento. Seria cego, leproso e pediria esmolas por toda sua vida. Só assim ele achava que pagaria pelo seu erro. Como tinha “bônus” suficiente para reencarnar, depois de algum tempo foi chamado à presença dos Mestres responsáveis pelo reencarne dos espíritos na Terra. Eles disseram que para ele reparar o mal que causara, não precisaria ser cego, leproso e mendigo. Voltaria à Terra com uma missão e dentro desta jornada teria a grande oportunidade do reajuste Cármico. Iria reencarnar, novamente no Brasil, em Mina Gerais, numa cidade chamada Alfenas. Sua missão: ser um DOUTRINADOR!
Quando um espírito recebe de Deus uma oportunidade de reencarnar é feito um Planejamento Cármico, que envolve todos que de uma forma direta ou indireta, podem se beneficiar daquela encarnação. Ele escolhe os pais e faz, junto com seu Mentor, um compromisso espiritual de realizar o principal objetivo de sua volta à Terra: a sua evolução espiritual e daqueles pelos quais se responsabilizou. Pode ser uma vida onde o foco será apenas sua evolução, ou pode assumir uma Missão, onde também deverá ajudar outros seres a evoluir. Tudo ocorre sob a bênção de Deus e respeito ao livre arbítrio de cada ser.
Após tudo estabilizado começa a preparação para uma nova existência terrena. O espírito é levado para o Sono Cultural, onde passará por um processo de “esquecimento” de suas vidas transcendentais, a sua nova personalidade será “moldada” de acordo com a sua trajetória, e por fim, assumirá a forma de um feto. Se houver o compromisso com algum “Elítrio”, estes espíritos serão encaminhados para uma “estufa”, onde serão preparados para esta reencarnação. Mais ou
menos no 3º mês de gestação, os Médicos do Espaço fazem a ligação do espírito com o corpo físico em formação, através da Centelha Divina, que vem de Deus Pai Todo Poderoso, que solda o espírito ao corpo físico e no desencarne se torna o “Charme”.
Nossa Mãe Clarividente dizia que se tivéssemos a consciência do que significa a oportunidade de reencarnar, daríamos mais importância à vida. Seriamos felizes apenas por estarmos aqui na Terra.
A história continua, agora em Alfenas, inicio do séc. XX, onde um casal de pobres agricultores luta com muita dificuldade, para ter o pão de cada dia. Eles tinham um único filho, um rapaz franzino, que além de ajudar na pequena roça, se esforçava muito para estudar. Este rapaz era a reencarnação do filho do rico fazendeiro.

Certo dia, indo para Alfenas vender alguns produtos, a carroça que levava esta pequena família caiu em uma ribanceira e apenas o garoto sobreviveu. Sozinho, machucado, caminhou até chegar a uma casa na periferia da cidade, onde foi recolhido por um senhor que tinha um Centro Espírita.
Ao tomar conhecimento da tragédia, o bondoso homem assumiu a criação daquele órfão. Ele continuou seus estudos e também ajudava o “seu pai” nas atividades mediúnicas do Centro.
Aprendeu muito rápido e logo seu pai percebeu que ele era portador de uma energia muito especial, uma força desobsessiva, e os casos mais difíceis ele já resolvia sozinho. Havia uma mocinha que frequentava o Centro e era apaixonada pelo rapaz, mas ele não dava muita bola para ela. A vida deste jovem transcorria de uma forma muito tranquila. Ele se formou, e como queria ser professor, foi fazer um curso de especialização no Rio de Janeiro. Lá ele conheceu uma moça da alta sociedade e se apaixonaram. Ao terminar o curso eles se casaram e voltaram para Alfenas.
Quando chegaram ao Centro, a moça ficou muito chocada, pois o rapaz nunca lhe contara sobre o seu pai e nem sobre o trabalho mediúnico que eles faziam, sabedor do pavor que ela tinha pelo Espiritismo. Então ela, muito magoada, falou que ele tinha que escolher: ou ela ou o Centro!
O rapaz ficou muito desesperado, pois gostava muito da sua esposa. E decidiu! Foi falar com seu pai que não iria mais ficar no Centro, que já tinha dedicado toda sua vida aos trabalhos mediúnicos e que agora iria cuidar da sua vida, da sua família e da sua profissão. O velho, que era vidente, já havia alertado sobre uma grande divida espiritual, um cobrador que ele tinha e que um dia, com seu trabalho, libertaria este obsessor e saldaria sua dívida transcendental. Mais uma vez, tentou
conscientizá-lo do seu compromisso, mas foi em vão. O rapaz estava decidido! Com algumas economias e uma parte do dote da esposa ele comprou um terreno, no alto de um morro, e construíram um bangalô. Este morro era cortado por uma linha de trem e o lugar era muito bonito. A casa era simples, mas bem arrumada. Tinha uma bela varanda e na sala havia uma lareira, onde o professor gostava de ficar lendo. Lecionava na escola Alfenas e todos gostavam dele.
Mas, o momento do reajuste se aproximava... Nos arredores de Alfenas, havia uma moça muito simples, com seus 16 anos e, de repente, enlouqueceu! Sua mãe, uma senhora viúva já não sabia mais o que fazer. Tinha levado-a a médicos, benzedeiras, a Igreja e nada, ninguém conseguia resolver o problema da jovem. A loucura continuava e piorava a cada dia. Já estavam amarrando a moça, para que não se machucasse e não machucasse ninguém. Então alguém falou para levar a menina num Centro Espírita, que ficava na periferia da cidade onde tinha um moço que curava “essas coisas”. E a mãe, no desespero, levou a menina até lá. Quando chegaram ao Centro o velho viu o “quadro espiritual” e falou que nada podia fazer. Que quem poderia resolver aquela situação era seu filho, mas ele não trabalhava mais ali. A mãe implorou para que o velho atendesse sua filha, mas ele realmente não podia fazer nada. Aquela menina era a mocinha, que tinha sido raptada pelo filho do fazendeiro, a viúva era a velhinha, mais uma vez como mãe da menina, e o
velho pai era o obsessor, o espírito que fora trazido para aquele reajuste, para saldar a dívida, o compromisso espiritual do rapaz.
Então, por consciência e compaixão, o velho espírita deu o endereço do filho, para aquela mãe desesperada. Ela pegou a filha e começou a subir o morro. À medida que se aproximavam da casa, a menina ficava mais agitada e mais violenta. Estava anoitecendo e o professor lia, junto à lareira, quando num barulho ensurdecedor, a porta foi derrubada pela menina, que havia se soltado das
amarras e entrou urrando de ódio.
Os espíritos reconhecem seus “inimigos” por um “cheiro”, uma energia especifica, uma emanação que é individual de cada ser, como as impressões digitais, um “DNA Espiritual”.
Foi um impacto de frio e medo. Mas, bastaram alguns instantes, para que o professor tomasse consciência do que estava acontecendo. Lembrou do que seu velho pai lhe falava e sentiu que havia chegado a hora de resgatar as suas vítimas do passado. Como se pudesse ler seus pensamentos a menina deu meia volta e saiu correndo da casa, em direção ao precipício. Ele saiu correndo atrás, tentando falar com ela. A mãe, também correu para lá. A menina parou na borda do precipício. Lá em baixo um lanterneiro da estação de trem, observava tudo. O professor foi se
aproximando, devagar, tentando “doutrinar” aquele espírito. Quando estava quase tocando o braço da moça, o obsessor a jogou no vazio, na escuridão. Neste momento, o professor chegou a “escutar a risada” do velho cobrador. A mãe, ao ver sua filha cair para morte, começou a gritar:
-Assassino, assassino! Você matou minha filha!
Então o funcionário da estrada de ferro correu até a cidade e chamou a polícia. De onde estava, parecia que o professor tinha empurrado a menina. Quando a polícia chegou e encontrou a mãe, que não parava de acusar o professor, teve que prendê-lo. Foi julgado, e pelas declarações da mãe e do lanterneiro, condenado. Saiu do Tribunal direto para prisão. Estava feita a “justiça”, o
reajuste cármico, o resgate de uma família que havia sido destruída em outra vida, por um gesto impensado, por um impulso, um desatino. Lei de Causa e Efeito!
Sua jovem esposa o abandonou e voltou para o Rio de Janeiro, para casa de seus pais. Ele definhava, dia após dia, e apenas seu velho pai e aquela jovem do Centro, que muito o amava, o visitavam na prisão. O tempo foi passando e a jovem moça precisava também seguir o seu caminho. As visitas foram se tornando raras e suas esperanças também. Ele pensava muito na sua incompreensão e pedia à Deus a oportunidade de sair dali, para continuar com a sua missão, no Centro, junto com seu velho pai. Sua saúde estava abalada: a pancada de vento frio, que recebera no dia do “reencontro”, à beira da lareira, afetou sua visão e estava ficando quase cego. As condições de higiene daquela masmorra e a falta de sol estavam causando feridas por todo seu corpo. Como não tinha um corpo físico forte, parecia que não teria muito tempo de vida. Alguns anos depois, a mãe da moça, no leito de morte, pediu para chamar o padre e confessou que o rapaz era inocente e que ela tinha o acusado por não aceitar a morte da filha, que tanto amava.
Pediu para que o padre jurasse que o tiraria da prisão, pois só assim ela morreria em paz. Então, como se Deus tivesse escutado sua prece, o professor foi inocentado e saiu da prisão. Foi direto para o Centro e ao chegar lá, falou para seu velho pai que estava de volta para trabalhar e ajudar as pessoas. O velhinho, que estava terminando seu tempo na Terra, olhou para o filho querido e
falou:
-Meu filho, agora é tarde! Quem vai querer se tratar com você? Mesmo que tenha sido inocentado, sempre haverá certa desconfiança sobre você. E seu corpo, quem vai querer se tratar com alguém cheio de feridas? Como pode um cego guiar outro? Não, meu filho, agora é tarde!
Apesar da dor que sentia, o professor sabia que seu pai tinha razão. Pouco tempo depois, o velho partiu! Como não tinha mais condições de continuar no Centro, o professor terminou seus dias de vida, andando pelas ruas de Alfenas, CEGO, CHEIO DE FERIDAS E MENDINGANDO. Quando desencarnou e tomou consciência desta encarnação, este espírito foi tomado por uma grande frustração. Tinha, mais uma vez, desperdiçado uma oportunidade de evolução. Recebeu toda preparação e proteção para cumprir sua missão e se reajustar com seu cobrador. Até uma bênção
especial ele recebeu. Lembram daquela mocinha do Centro, que ele não dava muita bola? Era sua Alma Gêmea que estava na Terra, para ajudá-lo. Salve Deus!
Naquela época (anos 70/80) que Tia contava esta história, este espírito já estava mais ou menos uns 50 anos.
Ela pediu para que quando fossemos participar de algum trabalho e lembrássemos dele, fizéssemos uma vibração de amor, para que ele conseguisse se libertar de sua própria prisão. Não sei qual é a situação deste espírito nos dias atuais. Que ele tenha se libertado e esteja nos ajudando no final deste Cíclo Iniciático que se aproxima.
Que esta história ajude aos meus irmãos Jaguares e a todos os meus irmãos em Cristo Jesus que ainda não compreenderam a grandeza e o significado de sua existência aqui na Terra.
SALVE DEUS!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Pedra Branca


Pedra Branca

Após desencarnar, depois de retirar todo o magnético animal do corpo, o espírito é levado, por força magnética, para o primeiro ponto de contato com o Plano Espiritual: Pedra Branca, onde ficará por tempo correspondente a sete dias terrestres. 
Pedra Branca é um local onde estão muitos espíritos, na mesma situação de desencarnados, mas não se vêm, isolados totalmente uns dos outros pelo neutrom, ocasionalmente ouvindo vozes, sermões e mantras, muitos sem terem consciência de seu estado de desencarnado.
Ali, o espírito tem oportunidade de fazer reflexões, avaliar sua encarnação como se, em uma tela projetada em sua mente, passasse toda a sua jornada detalhadamente. Vê as oportunidades que lhe foram dadas; as boas ou más coisas que fez;  o que havia se comprometido a fazer, antes de reencarnar, e o que cumpriu; o que deixou de fazer!
Exceto para espíritos de maior grau de evolução, ao sair de Pedra Branca, após o sétimo dia terrestre,  o espírito necessita energia animal, para prosseguir até o Canal Vermelho (*), e isso é obtido por sua condução à Mesa Evangélica.
Um depoimento prestado por um recém-desencarnado é muito ilustrativo: veja em DESENCARNE.
Existe um ponto, junto a Pedra Branca, para onde são conduzidos espíritos desarmonizados e que precisam recordar sua jornada: Atalaia (*)

“De fato, Tia, tentei me levantar de Pedra Branca, de onde estava, mas acredito que nem o super-homem o conseguiria.
Foi então que me passaram pela mente minhas faltas, na concentração daqueles dias. Senti imensa frustração pelo que havia feito.
Interessante, Tia, que eu não senti tanto pelo que fiz, mas, sim, pelo que deixei de fazer. Quantas pessoas a quem deixei de ajudar, e as quais desprezei!
Ia deixar, agora, a Pedra Branca, porque foram sete dias dentro de mim mesmo.”
(Tia Neiva, 30.11.75)
 (Esta é a razão porque determinadas linhas mandam rezar a Missa do 7º. dia)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Dr. Bezerra de Menezes (Biografia)



Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Bezerra de Menezes)
1831-1900

Nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Solonópole, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de 1831, e desencarnado no Rio de Janeiro, a 11 de abril de 1900.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no ano de 1838, entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde em dez meses apenas, preparou- se suficientemente até onde dava o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação. Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois, aos onze anos de idade, iniciava o curso de Humanidades e, aos treze anos, conhecia tão bem o latim que ministrava, a seus companheiros, aulas dessa matéria, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna. Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse.
O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações. 
Animado do firme propósito de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento". O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1º de junho. Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador, Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar. Objetivando servir o seu Partido, que necessitava dele a fim de obter maioria na Câmara, resolveu Bezerra de Menezes afastar-se do Exército. Em 1867 foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado em lista tríplice para uma cadeira no Senado.
Quando político, levantou-se contra ele, a exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.

Corria sempre ao tugúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.
Desviado interinamente da atividade política e dedicando- se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou-se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Retornando à política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra era um religioso no mais elevado sentido. Sua pena, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, foi posta a serviço do aspecto religioso do Espiritismo. Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos domingos, no "O Paiz" tradicional órgão da imprensa brasileira, a série de "Estudos Filosóficos", sob o título "O Espiritismo". O Senador Quintino Bocaiúva, diretor daquele jornal de grande penetração e circulação, "o mais lido do Brasil", tornou-se mesmo simpatizante da Doutrina Espírita.
Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente, ardentemente.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui- la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro - o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futuro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."