O
Sol, declinando no poente da tarde, dava um estranho colorido à
Estrela Candente. O Lago do Jaguar reverberava em cores múltiplas,
enquanto as primeiras sombras da noite próxima davam um senso de paz
e de outra realidade. Sentados na muralha do Radar de Comando da
Unificação, Neiva e Nestor conversavam. O Primeiro Mestre Executivo
discorria sobre a vida no Vale do Amanhecer e seus problemas,
procurando, de forma carinhosa e filial, ascultar a mente de Neiva e
obter respostas para suas preocupações de missionário. “Porque,
perguntava ele, porque a humanidade não nos descobre melhor,
parecendo que estamos sós neste mundo?” “Porque, filho,
respondeu ela, porque tudo o que nós estamos fazendo é levar a
mensagem do terceiro Milênio para todo este universo, com nossas
indumentárias e com a nossa conduta doutrinária. Vinte e cinco
anos, vivendo do amor e luz”. “Acho que não soube fazer a
pergunta certa, disse Nestor, talvez eu quisesse perguntar porque a
sua clarividência, que é um fenômeno tão fora do comum, tão
extraordinário, não causa maior impacto, não desperta a
curiosidade dos cientistas, dos teólogos. Para mim, continuou ele,
este Vale deveria estar efervescendo de curiosidade”.
É
exatamente porque os impactos de minha clarividência não bastavam é
que veio, então, a vida iniciática, com suas cores vivas e seus
poderes. Só assim é que tivemos a oportunidade de exibir a obra ao
seu autor e também junto aos povos. Veja, Nestor, com as vibrações
foram tomando lugar em toda a nossa doutrina, nas cores, no Templo e,
por fim, nesta Estrela Candente esta grandeza que emite suas Amacês
e a energia do Jaguar, para a cura desobssessiva dos cegos, dos mudos
e dos incompreendidos. As vibrações aumentaram sem que
precisássemos nos afastar do Evangelho um minuto sequer. Sempre,
porém, Jesus o Caminheiro, em sua jornada evangélica iniciática,
sem dor e sem sofrimento, ensinando a cura desobssessiva e colocando
o espírito a caminho de Deus Pai todo poderoso. Não podemos
garantir que tudo o que está para vir aconteça aqui. Porém haverá
alguma mudança estrutural e benéfica, que irá alterar os rumores
do pensamento humano, abalando os alicerces da cultura ancestral,
consolidada na velha estrada e isso acontecerá aqui.
Filho,
não deve interessar ao homem o seu vizinho, mas sim a função que
ele desempenha. É verdade que não podemos separar a obra do seu
autor, porém, quando eu daqui partir dirão “ o doutrinador e a
sua doutrina”. Por isso, meu filho, esqueça essas preocupações
de avaliação social, em termos dos componentes ativos, nesta
jornada para o terceiro Milênio. Antes eu pensava porque essas
Amacês não aparecem nos grandes centros, e obtive a resposta:
primeiro, devido ao respeito às velhas teorias do homem, ainda é
cedo para mudar estrutura; segundo, porque Jesus já respondeu a essa
questão, quando considerou que as mentes dos pescadores eram mais
sadias, e não quis desperdiçar o seu pouco tempo de vida na terra
discutindo com os rabinos das sinagogas. Neiva parou, e o silencio se
prolongava em torno dela, no crepúsculo daquela tarde calma e
tranqüila. Seu olhar se alongava no infinito nas grandes coisas da
vida. Havia no ambiente um misto de eternidade e doçura. Nestor o
jovem Jaguar da Centúria, sentia as palavras de Neiva. Nada lhe doía
mais do que quando Neiva lhe falava em partida. Porém, quando eu
daqui partir. O Doutrinador e sua doutrina. Quadros lhe passaram pela
memória. Neiva sempre rodeada de gente simples. Vez ou outra um
“doutor” na roda. Jesus atento com aqueles rústicos pescadores.
Lembrou-se de uma aula de Neiva em que ela contara um episódio da
vida do Mestre: Ele chegara a casa e Maria, sua mãe, lhe preparara
um aposento arrumado com carinho maternal. Para seus discípulos ela
fizera um arranjo no estábulo. Pela manhã do dia seguinte, ela
encontrou o aposento intacto, e descobriu Jesus dormindo no estábulo
com seus rústicos pescadores.
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