Quando
chegam melhores que nós
Meus
filhos, é chegado o momento de estarem prontos para receber os
missionários do Terceiro Milênio.
Eles
já estão chegando, já existem vários deles que estão em
nossa
Doutrina.
Certa
vez, na Cachoeira do Jaguar, estava com Zé Pedro divagando sobre o
futuro que semeávamos naquele lugar tão abençoado. Tínhamos por
fim a sonhada liberdade e vivíamos com dificuldade, pois somente a
dificuldade abrandava nossos espíritos e nos mantinha ligado ao
espiritual.
Um
dia, chegou até lá um jovem branco, bonito
de
feições, com roupas finas, mas bastante desgastadas.
Tinha
um aspecto sofrido e uma humildade natural dos que passam por grandes
dificuldades. Dividimos nosso alimento com aquele jovem, ouvimos suas
histórias e ensinamos nossas lições. Em pouco tempo ele já
parecia saber tudo como se sempre estivesse entre nós.
Muitos
não aceitavam que ele estivesse ali e fosse tão útil, pois o ciúme
é um triste sentimento que habita os que demoram demais para suas
conquistas.
Não
compreendiam como é que ele, recém-chegado, fazia tudo com tanta
perfeição e dedicação.
Das
tarefas mais simples, até corrigir certas atitudes dos mais velhos.
E ele estava certo mesmo.
Com
sua percepção aguçada, percebeu que não era mais bem vindo e
resolveu ir embora. Insisti, junto com Zé Pedro, para que ele
ficasse, mas ele disse que não adiantava, que aquele povo ainda não
estava pronto para receber a ajuda que ele gostaria de dar.
E
assim partiu.
Alguns
anos depois, o reencontramos pelo povoado. Estava a cavalo,
elegantemente vestido e tinha uma grande carroça, puxada por quatro
cavalos, dirigida por outros dois negros bem vestidos.
-
Salve Deus, pai Zé Pedro! Que alegria revê-lo! – ele
cumprimentou.
-
Salve Deus, sinhozinho, ainda não esqueceu nosso cumprimento? –
retribuiu Zé Pedro.
-
Jamais! O quê aprendi naquela Cachoeira ficou para
sempre.
Pena que não pude ficar com vocês.
Segui
meu caminho, e encontrou outro grupo que me recebeu igualmente de
braços abertos, mas eles entenderam o quanto eu poderia ser útil se
não houvesse tantos ciúmes.
Depois
de um ano com eles, um parente me localizou dando notícias de uma
herança.
Com
ela fundei um povoado onde os negros são respeitados e sua
religiosidade traz a cura para muita gente.
Meus
filhos, os missionários do Terceiro Milênio são espíritos que
chegam com um novo preparo, não suportam nossos ciúmes e irão nos
deixar se forem mal tratados, levando sua energia e suas heranças
para outras
correntes.
É
preciso que controlem seus impulsos e entendam que nossa Doutrina
chegou primeiro aos mais humildes, com maior receptividade para a
Clarividente. Mas agora, vocês estão estabelecidos como Ciência
Espiritual, respeitados nos Planos Espirituais e recebem missionários
que já chegam com instrução!
Não
vão aceitar tudo que vocês disserem sem que saibam exatamente do
que estão falando.
Muitos
já chegam conhecendo muito sobre a Espiritualidade e sobre a
manipulação energética, é preciso ser humilde, ter tolerância e
muito amor, para recebe-los.
É
preciso não ―ciumar dos conhecimentos que possuem, se fazendo de
donos da verdade. Não vão errar como erramos naquela época.
Pai
João de Enoque
Sem comentários:
Enviar um comentário