terça-feira, 8 de novembro de 2011

Despertar de nossa consciência II




No Rio de Janeiro ele conheceu uma moça, da alta sociedade, e se apaixonaram.

Ao terminar o curso eles se casaram e voltaram para Alfenas. Quando chegaram ao Centro, a moça ficou muito chocada, pois o rapaz nunca lhe contara sobre o seu pai e nem sobre o trabalho mediúnico que eles faziam, sabedor do pavor que ela tinha de Espiritismo. Então ela, muito magoada, falou que ele tinha que escolher: ou ela ou o Centro!

O rapaz ficou desesperado, pois gostava muito da sua esposa. E decidiu! Foi falar com seu pai que não iria mais ficar no Centro, que já tinha dedicado toda sua vida aos trabalhos mediúnicos e que agora iria cuidar da sua vida, da sua família e da sua profissão.

O velho, que tinha sua vidência, já o havia alertado sobre uma grande dívida espiritual, um cobrador que ele tinha e que um dia, com o seu trabalho, libertaria este obsessor e saldaria sua dívida transcendental. Mais uma vez, tentou conscientizá-lo do seu compromisso, mas foi em vão. O rapaz estava decidido!

Com algumas economias e com uma parte do dote da esposa ele comprou um terreno, no alto de um morro, e construíram um bonito bangalô. Este morro era cortado por uma linha de trem e o lugar era muito bonito. A casa era simples, mas bem arrumada. Tinha uma bela varanda e na sala havia uma lareira, onde o professor gostava de ficar lendo. Lecionava na escola de Alfenas e todos gostavam muito dele.

Mas, o momento do reajuste se aproximava...

Nos arredores de Alfenas, havia uma moça muito simples, com seus 16 anos e que, de repente, enlouqueceu! Sua mãe, uma senhora viúva, já não sabia mais o que fazer. Tinha levado-a a médicos, benzedeiras, à Igreja, e nada, ninguém conseguia resolver o problema da jovem. A loucura continuava e piorava a cada dia. Já estavam amarrando a moça, para que não se machucasse e não machucasse ninguém. Então, alguém falou para levar a menina num Centro Espírita, que ficava na periferia da cidade, onde tinha um moço que curava “essas coisas”. E a mãe, no desespero, levou a menina até lá. Quando chegaram ao Centro e o velho viu o “quadro espiritual”, falou que nada podia fazer. Que quem poderia resolver aquela situação era o seu filho, mas ele não trabalhava mais ali. A mãe implorou para que o velho atendesse sua filha, mas ele realmente não podia fazer nada.

Aquela menina era a mocinha, que tinha sido raptada pelo filho do fazendeiro, a viúva era a velhinha, mais uma vez como mãe da menina, e o velho pai era o obsessor, o espírito que fora trazido para aquele reajuste, para saldar a dívida, o compromisso espiritual do rapaz.

Então, por consciência e compaixão, o velho espírita deu o endereço do filho, para aquela mãe desesperada. Ela pegou a filha e começou a subir o morro. À medida que se aproximavam da casa, a menina ficava mais agitada e mais violenta. Estava anoitecendo e o professor lia, junto à lareira, quando num barulho ensurdecedor, a porta foi derrubada pela menina, que havia se soltado das amarras e entrou urrando de ódio.

Os espíritos reconhecem seus “inimigos” por um “cheiro”, uma energia específica, uma emanação que é individual a cada ser, como as impressões digitais, um “DNA Espiritual”.

Foi um impacto de frio e de medo. Mas, bastaram alguns instantes, para que o professor tomasse consciência do que estava acontecendo. Lembrou-se do que seu velho pai lhe falava e sentiu que havia chegado a hora de resgatar as suas vítimas do passado. Como se pudesse ler seus pensamentos, a menina deu meia volta e saiu correndo da casa, em direção ao precipício.

Ele saiu correndo atrás, tentando falar com ela. A mãe, também, correu para lá. A menina parou na borda do precipício.

Lá embaixo, um lanterneiro, da estação de trem, observava tudo. O professor foi se aproximando, devagar, tentando “doutrinar” aquele espírito. Quando estava quase tocando o braço da moça, o obsessor a jogou no vazio, na escuridão. Neste momento, o professor chegou a “escutar a risada” do velho cobrador.

A mãe, ao ver sua filha cair para a morte, começou a gritar:

- Assassino! Assassino! Você matou minha filha!

Então, o funcionário da estrada de ferro correu até a cidade e chamou a polícia. De onde estava, parecia que o professor tinha empurrado a menina. Quando a polícia chegou e encontrou a mãe, que não parava de acusar o professor, teve que prendê-lo.

Foi julgado e, pelas declarações da mãe e do lanterneiro, foi condenado. Saiu do Tribunal direto para a prisão. Estava feita a “justiça”, o reajuste cármico, o resgate de uma família que havia sido destruída em outra vida, por um gesto impensado, por um impulso, um desatino. Lei de Causa e Efeito!

Sua jovem esposa o abandonou e voltou para o Rio de Janeiro, para casa de seus pais.

Ele definhava, dia após dia, e apenas seu velho pai e aquela jovem do Centro, que muito o amava, o visitavam na prisão. O tempo foi passando e a jovem moça precisava também seguir o seu caminho. As visitas foram se tornando raras e suas esperanças também. Ele pensava muito na sua incompreensão e pedia a Deus a oportunidade de sair dali, para continuar com a sua missão, no Centro, junto com seu velho pai.

Sua saúde estava abalada: o impacto da rajada de vento frio, do “reencontro”, à beira da lareira (aliada a pesada energia espiritual do cobrador), afetou a sua visão e estava ficando quase cego. As condições de higiene daquela masmorra e a falta de sol estavam causando feridas, por todo seu corpo. Como não tinha um corpo físico forte, parecia que não teria muito tempo de vida.

Alguns anos depois, a mãe da moça, no leito de morte, pediu para chamar o padre e confessou que o rapaz era inocente e que ela o tinha acusado por não ter suportado a morte da filha, que tanto amava.

Pediu que o padre jurasse que o tiraria da prisão, pois só assim ela morreria em paz.

Então, como se Deus tivesse escutado sua preces, o professor foi inocentado e saiu da prisão. Foi direto para o Centro e ao chegar lá, falou para seu velho pai que estava de volta para trabalhar e ajudar as pessoas.

O velhinho, que estava terminando seu tempo na Terra, olhou para o filho querido e falou:

- Meu filho, agora é tarde! Quem vai querer se tratar com você? Mesmo que tenha sido inocentado, sempre haverá uma certa desconfiança sobre você. E seu corpo, quem vai querer se tratar com alguém cheio de feridas? Como pode um cego guiar outro cego? Não, meu filho, agora é tarde!

Apesar da dor que sentia, o professor sabia que seu pai tinha razão.

Pouco tempo depois, o velho partiu!

Como não tinha mais condições de continuar no Centro, o professor terminou seus dias de vida, andando pelas ruas de Alfenas, CEGO, CHEIO DE FERIDAS e MENDIGANDO.

Quando desencarnou e tomou consciência desta encarnação, este espírito foi tomado por uma grande frustração. Tinha, mais uma vez, desperdiçado uma oportunidade de evolução. Recebeu toda preparação e proteção para cumprir sua missão e se reajustar com seu cobrador.

Até uma benção especial ele recebeu. Lembram daquela mocinha do Centro, que ele não dava muita bola? Era a sua Alma-Gêmea que estava na Terra, para ajudá-lo.

Salve Deus!

Naquela época, em que Tia Neiva contava esta história, este espírito já estava no espaço há mais ou menos uns 50 anos.

Ela pedia para que quando fossemos participar de algum Trabalho e lembrássemos dele, fizéssemos uma vibração de amor, para que ele conseguisse se libertar de sua própria prisão.

Não sei qual é a situação deste espírito nos dias atuais. Que ele tenha se libertado e esteja nos ajudando no final deste Ciclo Iniciático, que já se iniciou.

Que esta história ajude aos meus irmãos Jaguares, e a todos os meus irmãos em Cristo Jesus, que ainda não compreenderam a grandeza e o significado de sua existência, aqui na Terra.

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