segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Despertar de nossa consciência - I




Há muitos anos, em um jantar na casa da Vó Sinharinha, a mãe da Tia Neiva, escutei, pela primeira vez, a história de um espírito, que foi trazido à presença de Nossa Mãe, pelos Mentores, para contar sua história, que deveria ser recontada aos filhos de Pai Seta Branca. Eu era um adolescente e fiquei impressionado com aquele relato. Foi muito interessante, pois à medida que a Tia ia contando, as imagens se formavam em minha mente e nunca mais as esqueci.
Em algum lugar do Brasil, final do século XIX (19), havia um rico fazendeiro que possuía uma grande quantidade de terras e nela havia instalado “meeiros”. Os meeiros eram famílias que recebiam um pedaço de terra para cultivar e, na época da colheita, davam a metade do que produziam, para o dono das terras. Tinha um único filho, um rapaz muito bonito, forte e inteligente, que gostava muito de andar a cavalo, pelas terras do pai.
Uma destas famílias era formada por um casal de velhos e uma moça, com 15 ou 16 anos, muito bonita e meiga, que ajudava seus pais no dia-a-dia, naquela vida difícil. Um dia, ao passar pelas terras desta família, o rapaz viu a mocinha e ficou encantado com sua beleza.
Ele achava que tudo que estivesse naquelas terras pertencia ao seu pai (e conseqüentemente a ele), e sentiu-se no direito de levar a moça consigo. Colocou-a no cavalo e seguiu, tranquilamente, para a sede da fazenda. O pai da moça, que estava na roça, ao ouvir os gritos da esposa e da filha, saiu correndo e conseguiu alcançar o rapaz. Começaram a discutir e o velho tentou arrancar sua filha de cima do cavalo.
O rapaz desceu e começaram a lutar. Como era mais forte, ele acabou matando o velho. Colocou a moça novamente no cavalo e continuou, como se nada houvesse acontecido.
Foi um desencarne muito violento! O espírito do velho saiu do corpo com muito ódio, que nem completou o processo normal de desligamento do corpo físico.No caso daquele senhor, o pai da menina, ele desencarnou com tanto ódio, que se tornou um Obsessor. A mãe da moça, já velha, não agüentou e morreu de tristeza. Após ficar algum tempo com a moça, o rapaz abandonou-a e ela também, logo, logo, desencarnou.
O tempo foi passando... O fazendeiro morreu e o rapaz, agora um homem casado, assumiu o lugar do pai. Ele tornou-se um homem bom, justo e amoroso com sua família, com seus escravos e empregados. Todos gostavam dele. Morreu bem velho, deitado em sua cama, com todos rezando e chorando ao seu redor.
Em toda sua vida só cometera um erro, um grande erro!
Quando despertou, nos Planos Espirituais, e tomou consciência da sua última encarnação e, principalmente, do “estrago” que tinha feito àquela família de agricultores, entrou em desespero. Ele pedia muito a Deus por uma oportunidade de reencarnar, para reparar o grande mal que causara àqueles seus irmãos. Queria voltar à Terra e ter uma vida de muito sofrimento.
Seria cego, leproso e pediria esmolas por toda sua vida. Só assim ele achava que pagaria pelo seu erro. Como tinha “bônus” suficiente para reencarnar, depois de algum tempo, foi chamado à presença dos Mestres, responsáveis pelo reencarne dos espíritos na Terra. Eles disseram que para ele reparar o mal que causara não precisaria ser cego, leproso e mendigo. Voltaria à Terra com uma Missão e dentro desta jornada teria a grande oportunidade do reajuste cármico. Iria reencarnar, novamente no Brasil, em Minas Gerais, numa cidade chamada Alfenas. Sua missão: ser um Doutrinador!
Quando um espírito recebe, de Deus, uma oportunidade de reencarnar é feito um planejamento cármico, que envolve todos que, de uma forma direta ou indireta, podem se beneficiar daquela encarnação. Ele escolhe os seus pais e faz, junto com seu Mentor, um compromisso espiritual de realizar o principal objetivo de sua volta à Terra: a sua evolução espiritual e a daqueles pelos quais se responsabilizou. Pode ser uma vida onde o foco será apenas na sua própria evolução ou pode assumir uma Missão, onde também deverá ajudar outros seres a evoluir. Tudo ocorre sob a Benção de Deus e respeito ao Livre Arbítrio de cada Ser.
Após tudo estabelecido, começa a preparação para uma nova existência terrena. O espírito é levado para o Sono Cultural, onde passará por um processo de “esquecimento” de suas vidas transcendentais, a sua nova personalidade será “moldada”, de acordo com a sua trajetória, e por fim, assumirá a forma de um feto.
Se houver o compromisso com algum “elítrio”, estes espíritos serão encaminhados para uma “estufa”, onde serão preparados para esta reencarnação. Mais ou menos no 3° Mês de gestação, os Médicos do Espaço fazem a ligação do espírito ao corpo físico em formação, através da Centelha Divina, que vem de Deus Pai Todo-Poderoso, que solda o espírito ao corpo físico e no desencarne se torna o “Charme”.
Nossa Mãe Clarividente dizia que se tivéssemos a consciência do que significa a oportunidade de reencarnar, daríamos mais importância à Vida. Seríamos felizes apenas por estarmos aqui na Terra.
A história continua, agora em Alfenas, início do século 20, onde um casal de pobres agricultores luta com muita dificuldade, para ter o pão de cada dia. Eles têm um único filho, um rapaz franzino, que além de ajudar na pequena roça, se esforçava muito para estudar. Este rapaz era a reencarnação do filho do rico fazendeiro...
Certo dia, indo para Alfenas vender alguns produtos, a carroça que levava esta pequena família, caiu em uma ribanceira e apenas o garoto sobreviveu. Sozinho, machucado, caminhou até chegar em uma casa, na periferia da cidade, onde foi recolhido por um senhor, que tinha um Centro Espírita. Ao tomar conhecimento da tragédia, o bondoso homem assumiu a criação daquele órfão.
Ele continuou seus estudos e também ajudava o “seu pai” nas atividades mediúnicas do Centro. Aprendeu muito rápido e logo seu pai percebeu que ele era portador de uma energia muito especial, uma força desobsessiva, e os casos mais difíceis ele já resolvia sozinho. Havia uma mocinha que freqüentava o Centro e era apaixonada pelo rapaz, mas ele não dava muita bola para ela. A vida deste jovem transcorria de uma forma muito tranqüila. Ele se formou e como queria ser professor foi fazer um curso de especialização, no Rio de Janeiro.

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