Quando se dá a
concepção, aquele espírito que vai reencarnar inicia, ainda no
plano etérico, seu sono cultural, fase de desassimilação, onde
toda a memória se apaga, e que se prolonga até o feto completar
três meses, quando ele vai despertando à medida em que aperfeiçoa
seus sentidos terrenos.
É colocado em torno do
corpo, sob a pele, razão pela qual é denominado perispírito,
revestindo-se da mesma substância da alma, dela se diferenciando por
ter uma herança transcendental, enquanto a alma tem, apenas, a
herança de uma encarnação.
No Evangelho de João
(III, 3), encontramos: “Ninguém
pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.” Isso
dá margem a muitas interpretações, mas compreende um dos pontos
básicos das doutrinas espiritualistas, que é a reencarnação, que
visa o amadurecimento e o aprimoramento da alma.
Segundo Emmanuel
(Amanto), "de
existência a existência, no mundo, nossa individualidade
imperecível sofre o desgaste da imperfeição, assim como o
aprendiz, de curso a curso, na escola, perde o fardo da ignorância."
Isso porque estamos em
evolução neste plano terrestre, conforme nos relata, ainda,
Emmanuel: "Há
muitos milênios, um dos orbes de Capela, que guarda muitas
afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos
seus extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um
longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece
convosco, terrestres, relativamente às transições esperadas na
Nova Era, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de
espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral,
dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos
cheios de piedade e virtudes.
Mas uma ação de
saneamento geral os alijaria daquela Humanidade, que fizera jus à
concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados
trabalhos. As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos,
deliberaram, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram
pertinazes, no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a
realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes
conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso
dos seus irmãos inferiores.
Foi assim que Jesus
recebeu, à luz do Seu Reino de Amor e de Justiça, aquela turba de
seres sofredores e infelizes. Com a Sua palavra sábia e compassiva,
exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência
pelo cumprimento dos deveres de Solidariedade e de Amor, no esforço
regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que
se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de Sua
misericórdia e da Sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as
lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do
futuro e prometendo-lhes a Sua colaboração cotidiana e a Sua vinda
no porvir.
Aqueles seres
angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de
afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do
mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre;
andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura;
reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem
o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos e muitos
séculos não veriam a luz suave de Capela, mas trabalhariam na
Terra, acariciados por Jesus e confortados na Sua imensa
misericórdia."
Muito discutida, a
reencarnação teve uma série de outros nomes através da História,
para satisfazer a teólogos e cientistas que buscam comprovar seus
pontos de vista - contra ou a favor -, tais como: palingênese,
metensomatose e palingenesia, além de ser a base da moderna TVP -
Terapia de Vidas Passadas, uma das muitas terapias alternativas que
estão sendo utilizadas desde o limiar do III Milênio. Católicos (a
partir do Concílio de Constantinopla, no Século VI, ano 533),
evangélicos, judeus e muçulmanos não aceitam a reencarnação: as
almas dos mortos ficam aguardando o juízo final e não existem novas
oportunidades para quem não cumpriu as ordens de Deus. Já as
grandes religiões espiritualistas, como Budismo, o Kardecismo, o
Candomblé e a Umbanda aceitam a reencarnação como o processo de
oportunidade para a purificação dos espíritos.
Necessário se torna
lembrar a diferença entre reencarnar
e
renascer.
Temos, em uma mesma reencarnação, a possibilidade de renascimento,
no aspecto psicológico, que nos permite profunda transformação em
nosso ser, alterando nossa escala de valores e as reações mais
sensíveis aos estímulos externos. Com a reencarnação temos a
integração ou unidade espiritual, expressão do ser. Para o
cumprimento de nossas missões há necessidade de alguns
renascimentos em uma mesma existência, e um dos principais é quando
fazemos nossa Iniciação na Doutrina.
Há, também, alguns
aspectos da ressurreição,
que muitos confundem com outras idéias sobre renascer e reencarnar.
Consideramos dois tipos de ressurreição:
1º) a dos mortos,
quando eles conseguem retornar em corpos espirituais, comprovando a
perfeita continuidade da vida após a morte, trazendo instruções e
relatos;
2º) a da carne,
quando o espírito reencarna para a marcha evolutiva neste plano
físico.
Na nossa Doutrina
entendemos que o espírito, em sua caminhada visando seu retorno a
Capela, após diversas existências na Terra, depois de ter muitas
caras e muitos nomes, depois de fazer suas jornadas de vaidade,
ambição, traição, violências e mentiras, ou de esforços bem
dirigidos, de amor e dedicação, vai para o Canal Vermelho (*), onde
vive no plano espiritual correspondente ao seu padrão vibratório
(*), e ali tem toda sua memória transcendental, da qual toma
consciência de acordo com seu nível de lucidez.
Segundo Koatay 108, o
espírito pode ficar até sete anos terrestres no Canal Vermelho,
percorrendo seus vários planos. Há hospitais, albergues e até
mesmo cavernas, para onde o espírito, ao chegar, se dirige na
sintonia da faixa vibratória que conquistou em sua jornada na Terra.
O Canal Vermelho é o caminho da evolução. Oferece oportunidade de
um espírito ajudar seus entes queridos que deixou na Terra.
Há muitos casos de
desencarnados que trazem restos de seus carmas a serem eliminados, e
isso é feito através do resgate pelo seu trabalho na Lei do
Auxílio.
Algum tempo antes de
reencarnar (cerca de onze meses terrestres), o espírito, acompanhado
por seu Mentor, faz uma visita aos locais onde viveu suas várias
encarnações, marcados pelos charmes (*) que deixou. O sucesso ou o
fracasso de uma encarnação depende muito desses charmes, de como o
espírito vai manipular aquelas energias magnéticas. Essa influência
é tão determinante que, de 80 em 80 dias, o espírito encarnado
muda sua roupagem, tendo suas condições de vida determinadas pelos
charmes que deixou.
Assim, o Homem, liberto
de suas formas animais, conquista sua autonomia, mas está contido
por suas responsabilidades morais, por seus deveres e obrigações
consigo mesmo e com a sociedade em que vive. Nasce, cresce, muda de
um lugar para outro, faz amizades, vive paixões, chora, ri, ama, faz
o bem ou o mal, resgata ou contrai dívidas transcendentais, agindo e
reagindo dentro do livre arbítrio, de acordo com sua consciência e
seus conhecimentos. Em seus encontros e desencontros, desde os atos
mais simples aos mais importantes, está envolvido um complexo
mecanismo que se modifica a cada momento, pela decisão que toma
aquela pessoa. Se a decisão é correta, em harmonia com o planejado
em seu plano reencarnatório, o resultado é bom, causando bem estar
e conforto espiritual e mental; mas, se a decisão é errada, o Homem
sofre angústias, tormentos e dores, experiências registradas no
perispírito.
O reencarne é a grande
prova, a grande oportunidade que cada um tem para prosseguir em sua
jornada de volta às suas origens. Retornar à vida na Terra é o que
o espírito suplica, em sua conscientização, por saber que precisa
se libertar de seus erros passados, da perseguição de seus
cobradores, e isso só poderá conseguir pela oportunidade da
reencarnação. O Homem que diz: “eu não pedi para nascer!”, não
sabe o quanto está equivocado!
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