quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Reencarne


Quando se dá a concepção, aquele espírito que vai reencarnar inicia, ainda no plano etérico, seu sono cultural, fase de desassimilação, onde toda a memória se apaga, e que se prolonga até o feto completar três meses, quando ele vai despertando à medida em que aperfeiçoa seus sentidos terrenos.
É colocado em torno do corpo, sob a pele, razão pela qual é denominado perispírito, revestindo-se da mesma substância da alma, dela se diferenciando por ter uma herança transcendental, enquanto a alma tem, apenas, a herança de uma encarnação.
No Evangelho de João (III, 3), encontramos: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.” Isso dá margem a muitas interpretações, mas compreende um dos pontos básicos das doutrinas espiritualistas, que é a reencarnação, que visa o amadurecimento e o aprimoramento da alma.
Segundo Emmanuel (Amanto), "de existência a existência, no mundo, nossa individualidade imperecível sofre o desgaste da imperfeição, assim como o aprendiz, de curso a curso, na escola, perde o fardo da ignorância."
Isso porque estamos em evolução neste plano terrestre, conforme nos relata, ainda, Emmanuel: "Há muitos milênios, um dos orbes de Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, terrestres, relativamente às transições esperadas na Nova Era, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes.
Mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela Humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos. As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberaram, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes, no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do Seu Reino de Amor e de Justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a Sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de Solidariedade e de Amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de Sua misericórdia e da Sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a Sua colaboração cotidiana e a Sua vinda no porvir.
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos e muitos séculos não veriam a luz suave de Capela, mas trabalhariam na Terra, acariciados por Jesus e confortados na Sua imensa misericórdia."
Muito discutida, a reencarnação teve uma série de outros nomes através da História, para satisfazer a teólogos e cientistas que buscam comprovar seus pontos de vista - contra ou a favor -, tais como: palingênese, metensomatose e palingenesia, além de ser a base da moderna TVP - Terapia de Vidas Passadas, uma das muitas terapias alternativas que estão sendo utilizadas desde o limiar do III Milênio. Católicos (a partir do Concílio de Constantinopla, no Século VI, ano 533), evangélicos, judeus e muçulmanos não aceitam a reencarnação: as almas dos mortos ficam aguardando o juízo final e não existem novas oportunidades para quem não cumpriu as ordens de Deus. Já as grandes religiões espiritualistas, como Budismo, o Kardecismo, o Candomblé e a Umbanda aceitam a reencarnação como o processo de oportunidade para a purificação dos espíritos.
Necessário se torna lembrar a diferença entre reencarnar e renascer. Temos, em uma mesma reencarnação, a possibilidade de renascimento, no aspecto psicológico, que nos permite profunda transformação em nosso ser, alterando nossa escala de valores e as reações mais sensíveis aos estímulos externos. Com a reencarnação temos a integração ou unidade espiritual, expressão do ser. Para o cumprimento de nossas missões há necessidade de alguns renascimentos em uma mesma existência, e um dos principais é quando fazemos nossa Iniciação na Doutrina.
Há, também, alguns aspectos da ressurreição, que muitos confundem com outras idéias sobre renascer e reencarnar. Consideramos dois tipos de ressurreição:
1º) a dos mortos, quando eles conseguem retornar em corpos espirituais, comprovando a perfeita continuidade da vida após a morte, trazendo instruções e relatos;
2º) a da carne, quando o espírito reencarna para a marcha evolutiva neste plano físico.
Na nossa Doutrina entendemos que o espírito, em sua caminhada visando seu retorno a Capela, após diversas existências na Terra, depois de ter muitas caras e muitos nomes, depois de fazer suas jornadas de vaidade, ambição, traição, violências e mentiras, ou de esforços bem dirigidos, de amor e dedicação, vai para o Canal Vermelho (*), onde vive no plano espiritual correspondente ao seu padrão vibratório (*), e ali tem toda sua memória transcendental, da qual toma consciência de acordo com seu nível de lucidez.
Segundo Koatay 108, o espírito pode ficar até sete anos terrestres no Canal Vermelho, percorrendo seus vários planos. Há hospitais, albergues e até mesmo cavernas, para onde o espírito, ao chegar, se dirige na sintonia da faixa vibratória que conquistou em sua jornada na Terra. O Canal Vermelho é o caminho da evolução. Oferece oportunidade de um espírito ajudar seus entes queridos que deixou na Terra.
Há muitos casos de desencarnados que trazem restos de seus carmas a serem eliminados, e isso é feito através do resgate pelo seu trabalho na Lei do Auxílio.
Algum tempo antes de reencarnar (cerca de onze meses terrestres), o espírito, acompanhado por seu Mentor, faz uma visita aos locais onde viveu suas várias encarnações, marcados pelos charmes (*) que deixou. O sucesso ou o fracasso de uma encarnação depende muito desses charmes, de como o espírito vai manipular aquelas energias magnéticas. Essa influência é tão determinante que, de 80 em 80 dias, o espírito encarnado muda sua roupagem, tendo suas condições de vida determinadas pelos charmes que deixou.
Assim, o Homem, liberto de suas formas animais, conquista sua autonomia, mas está contido por suas responsabilidades morais, por seus deveres e obrigações consigo mesmo e com a sociedade em que vive. Nasce, cresce, muda de um lugar para outro, faz amizades, vive paixões, chora, ri, ama, faz o bem ou o mal, resgata ou contrai dívidas transcendentais, agindo e reagindo dentro do livre arbítrio, de acordo com sua consciência e seus conhecimentos. Em seus encontros e desencontros, desde os atos mais simples aos mais importantes, está envolvido um complexo mecanismo que se modifica a cada momento, pela decisão que toma aquela pessoa. Se a decisão é correta, em harmonia com o planejado em seu plano reencarnatório, o resultado é bom, causando bem estar e conforto espiritual e mental; mas, se a decisão é errada, o Homem sofre angústias, tormentos e dores, experiências registradas no perispírito.
O reencarne é a grande prova, a grande oportunidade que cada um tem para prosseguir em sua jornada de volta às suas origens. Retornar à vida na Terra é o que o espírito suplica, em sua conscientização, por saber que precisa se libertar de seus erros passados, da perseguição de seus cobradores, e isso só poderá conseguir pela oportunidade da reencarnação. O Homem que diz: “eu não pedi para nascer!”, não sabe o quanto está equivocado!

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