quarta-feira, 27 de junho de 2012

A passagem no Império Romano


A passagem no Império Romano
Narrada na Cachoeira do Jaguar

Filha, não chore, não se desespere. Eu, você, sua mãe e todos os seus irmãos vivíamos na mais rica vida em Pompéia. Eu era Procurador, Zé Pedro era Imperador, e todo esse povão estava lá. Só Deus sabe, minha Jurema, os desatinos, as tragédias que provocamos naquele império.
Fizemos a mais terrível escravidão. Hoje, filha querida, Deus nos deu essa oportunidade de pagar todo
este mal. Esta pequena sinhazinha é o espírito da jovem escrava de Pompéia.
Sim, tudo pela condenação da matéria! A terra... A terra...
Tão lindo o mar e, no entanto, a terra é o que nos pertence, por ser a parte sólida deste planeta. Porém, o que me conforta é que as forças cósmicas continuam em atividade, porque, neste Universo, não há inércia.
Tudo se movimenta em nosso favor, pela bênção de Deus! A Sua atividade é, essencialmente, produtora desta nossa matéria orgânica e inorgânica. Logo nos dará forças, graças a Deus!
Sim, Zé Pedro, a atividade do Homem é essencialmente produtora e as forças essencialmente ativas. Como já disse, cria na matéria orgânica este arsenal de forças.
Portanto, temos que organizar um ritual, uma jornada, vestimentas que mudem a sintonia dos crioulos. Sim, Zé Pedro, vamos erguer esta arma para o Céu! Todos somos livres, neste mundão de Deus! Até mesmo para acreditar, desejar, escolher, fazer e obter. Mas todos somos, também, constrangidos a penetrar nos resultados de nossas próprias obras. Não existe direito sem obrigação e nem equilíbrio sem consciência.

Pai João, machucado, ajoelhou-se e, erguendo os braços para o Céu, na força do chamado Deus Africano, gemeu como um leão, dizendo:
- Ó, OBATALÁ! Ó, OBATALÁ! Ó,
OBATALÁ! ENTREGO, NESTE INSTANTE, MAIS ESTA
OVELHA PARA O TEU REDIL! Pai João voltou ao seu lugar, e ouviu Vô Agripino, que lhe falou: - Salve Deus! Viu, João?
Fizestes tudo tão perfeito porque tens constantemente livre o teu Sol Interior. O ensino é como pétalas de rosa que caem em nossas mentes, enquanto vai orvalhando os três reinos de nossa natureza.
Todos os que se perdem pelo pensamento e se enchem de ódio, ao desencarnar vão para o astral inferior e, evidentemente, procuram voltar, aumentando suas furiosas crises. Vamos juntos, tentar doutriná-lo, antes que morra nesse ódio e se torne invisível aos nossos olhos.
- Pobre Imperador! Viestes com tão nobre missão e, no entanto, eis o que resta de ti!
Zé Pedro, – dizia Pai João – quando o celeiro está pronto, o Mestre aparece. São palavras de Vô Agripino.
- Sim, Zé Pedro. Ouça bem o que diz Vô Agripino: Deus é absolutamente fé, é absolutamente razão. E ser a razão é a Ciência. A Ciência é a razão.
Tia Neiva

Sem comentários: