segunda-feira, 9 de abril de 2012

Pequenas Histórias - Tia Neiva



Certa vez, por volta de meia-noite, cheguei em casa, com muita fome. Peguei uma panelinha e fui esquentar um ovo. Meia sem jeito, queimei meu dedo na caçarola e baixei meu padrão vibratório. Oh, meu Deus! Mãe Yara estava por perto:
- É, ouvi, filha. Que vergonha! E pensar o que esperamos de você, uma líder espiritual!... Mas eu vim para fazermos uma prece. O “seu” Manoel das Emas, seu amigo, vai morrer. Na sua segunda viagem, mande o Delei com a segunda turma. Como você está sem condições, vou-me retirando...
Nem senti como comi o ovo. Sei apenas que estava insegura, a dizer, inconscientemente, no meu íntimo:
- Meu Deus! Por que não me controlei? Será que a Senhora do Espaço vai me deixar outra vez?...
Contei ao Getúlio o que ouvira a respeito do “seu” Manoel, e ele me pediu que me acalmasse e que tivesse cuidado com alguma interferência, já que haviam alguns espíritos zombeteiros. O pior era que eu sabia que ele estava errado, que era verdade, mas não me defendi, pensando somente nas minhas ofensas e que Mãe Yara poderia não mais voltar.
Durante o almoço, Delei me pediu a chave do caminhão e foi fazer o trabalho, para me descansar. Delei e Getúlio eram médiuns de confiança e muito próximos de mim. Com o movimento, esqueci o aviso de Mãe Yara. Um pouco mais tarde, vieram me avisar que o “seu” Manoel caíra morto no chão. Senti um grande remorso. Quem sabe se eu tivesse rezado com a Senhora do Espaço poderia tê-lo ajudado?
Passou-se o tempo e, oito dias depois, à noite, com os olhos abertos, vi o “seu” Manoel de pé, numa estrada luminosa e muito amarela, com seu chapéu de palha e com a mesma roupinha. Sorriu, demonstrando que ainda continuava meu amigo, como se me dissesse que estava feliz!...


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