Certa
vez, por volta de meia-noite, cheguei em casa, com muita fome. Peguei
uma panelinha e fui esquentar um ovo. Meia sem jeito, queimei meu
dedo na caçarola e baixei meu padrão vibratório. Oh, meu Deus! Mãe
Yara estava por perto:
-
É, ouvi, filha. Que vergonha! E pensar o que esperamos de você, uma
líder espiritual!... Mas eu vim para fazermos uma prece. O “seu”
Manoel das Emas, seu amigo, vai morrer. Na sua segunda viagem, mande
o Delei com a segunda turma. Como você está sem condições, vou-me
retirando...
Nem
senti como comi o ovo. Sei apenas que estava insegura, a dizer,
inconscientemente, no meu íntimo:
-
Meu Deus! Por que não me controlei? Será que a Senhora do Espaço
vai me deixar outra vez?...
Contei
ao Getúlio o que ouvira a respeito do “seu” Manoel, e ele me
pediu que me acalmasse e que tivesse cuidado com alguma
interferência, já que haviam alguns espíritos zombeteiros. O pior
era que eu sabia que ele estava errado, que era verdade, mas não me
defendi, pensando somente nas minhas ofensas e que Mãe Yara poderia
não mais voltar.
Durante
o almoço, Delei me pediu a chave do caminhão e foi fazer o
trabalho, para me descansar. Delei e Getúlio eram médiuns de
confiança e muito próximos de mim. Com o movimento, esqueci o aviso
de Mãe Yara. Um pouco mais tarde, vieram me avisar que o “seu”
Manoel caíra morto no chão. Senti um grande remorso. Quem sabe se
eu tivesse rezado com a Senhora do Espaço poderia tê-lo ajudado?
Passou-se
o tempo e, oito dias depois, à noite, com os olhos abertos, vi o
“seu” Manoel de pé, numa estrada luminosa e muito amarela, com
seu chapéu de palha e com a mesma roupinha. Sorriu, demonstrando que
ainda continuava meu amigo, como se me dissesse que estava feliz!...
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