O
Acordo
Tia
Neiva, no início de sua jornada, foi conclamada por Pai Seta Branca,
a fazer as pazes com todos que “se diziam seus inimigos”, foi sua
primeira grande missão.
Visando
proteger seu povo, que ainda seria formado, procurou os “Sete Reis
do Submundo” para realizar um pacto de não agressão. Esta
passagem nos é relatada em nossa primeira aula de pré-Centúria,
porém não é distribuída de forma impressa aos futuros Centuriões.
Ela encontra-se transcrita no livro “Minha Vida, Meus Amores”,
hoje de difícil acesso.
Para
recordar a todos os Centuriões os perigos de quando baixamos nosso
padrão vibratório, e o risco que se corre ao romper este “acordo”,
transcrevo aqui a passagem.
Kazagrande
Dois
anos depois, em princípios de 1960, recebi de Pai Seta Branca a
minha primeira missão. Eram seis horas da tarde e eu, mais do que
nunca, sentia uma grande saudade. Dessa vez, porém, era algo
diferente, mais fino, alguma coisa que eu não conhecia. Fui me
sentar no alto do morro, e Pai Seta Branca chegou, começando a me
mostrar meu roteiro e por tudo que eu teria que passar na missão,
traçando, então, o meu sacerdócio, ao lado de Humarran. Senti
forte dor de cabeça e pesada sensação de mal-estar. Quando dei
conta de mim, estava diante de um velho oriental, de barba longa e
trajando uma vestimenta com capuz e mangas largas, que me disse:
-
Salve Deus! De hoje em diante você terá a força de uma raiz!...
A
partir de então, tudo ficou difícil. Às 4 horas da tarde eu me
sentia como se estivesse com uns 38 graus de febre, com a cabeça
rodando, a ponto de não me aguentar de pé. Mas, deitada, as
tonteiras se acentuavam e, numa espécie de sonho, sentia que me
desprendia do corpo, com perfeita consciência. A cada dia, eu
melhorava o meu padrão vibratório, consciente do meu trabalho.
Recebi de Pai Seta Branca novas instruções: para entrar no plano
iniciático eu teria que fazer as pazes com todos aqueles que se
diziam meus inimigos...
Então,
já no terceiro ano de conhecimentos ao lado de Humarran, segui até
as cavernas, com a missão de pedir paz e amor aos reis dos
submundos. Humildemente, me transportava até cada um deles, e lhes
pedia que firmássemos um acordo de paz, pois nossa lei não admitia
demandas. Fui à presença de sete reis, que me trataram com maior ou
menor ferocidade, mas aos quais tratei com amor e muita timidez,
recebendo a concordância para o acordo proposto. No caso de Sete
Montanhas, recebi até uma grande proposta para ficar em sua corte:
ele me compraria de Pai Seta Branca, e eu lhe prometi que cuidaria do
assunto. Fiz as minhas negociações e prossegui demonstrando
tranquilidade, apesar do meu tremendo pavor...
Era
um período em que eu andava sobressaltada. Naquela tarde, o sol não
aparecia, tornando tristes os meus pensamentos. Havia muito o que
fazer, mas resolvi, por me sentir um pouco sem forças, ir me
recostar no meu velho pequizeiro. Adormeci e iniciei um transporte.
Entrei em um sumptuoso castelo, onde tudo era luxuoso, e logo fui
presa por dois homens grandes, com pequenos chifres, que me seguraram
pelos braços e me conduziram à presença de seu poderoso rei: Exu
Sete Flechas.
Ele
me encarou, zombeteiro, e vociferou:
-
Ela é inofensiva! Tragam-na até aqui! Já tenho conhecimento de
seus contactos.
Eu
me aproximei e ele me falou:
-
Sua pretensão é muito grande em querer fazer um acordo comigo, pois
não tem sequer um povo para defender!
-
Vou levantar um poder iniciático – respondi, temerosa – e só
quero fazer isso após firmarmos um acordo, para que seu povo não
penetre em minha área.
-
Já sei muito sobre suas intenções! – disse ele – Eu me
comprometo a não penetrar em sua área, mas, antes, vou fazer um
teste com você, para lhe fazer sentir a minha força.
-
Salve Deus! – eu só murmurei.
-
Quero ver o tipo de protecção que você tem. – voltou ele –
Quero ver se ela vai livrá-la de mim! Amanhã, às três horas da
tarde, vou arrancar todo o telhado de sua casa. Quero testar a sua
força...
Voltei
ao meu corpo, sentindo o sabor desagradável daquela viagem.
Entretanto,
a ameaça não se concretizou.
Tornei
a voltar onde ele estava, porém em outro local, em outro salão. Ele
fez o acordo, e jurou que, em verdade, jamais tocaria em meus filhos
– os Doutrinadores. Mas afirmou que só se realizaria quando
dividisse sua força comigo, e reforçou sua ameaça anterior.
Três
anos se passaram, e nada aconteceu. Até que um dia – eu já estava
em Taguatinga – tive a sensação de perigo e me decidi a ir falar
com ele. Pela terceira vez, ali estava eu, diante dele, que me
recebeu com risos e deboches, e me afirmou que, às três horas
daquela tarde, arrancaria o telhado de minha casa.
Desafiadora,
pensei:
-
Ora, não tenho o que temer! Se ele, até hoje, não arrancou o
telhado de minha casa, não arrancará mais.
Voltei,
confiante, ao meu corpo.
Por
volta de duas horas da tarde, uma velha me procurou, pessoa dessas
que vivem fazendo suas cobrancinhas, e começou sua obra:
-
Oh, irmã Neiva, como vai? Eu precisava tanto falar com você! Mas,
dizem, e estou vendo que é verdade, que você não fala com os
pobres...
Eu
fiquei possessa com a velha, por sua ousadia em me falar daquela
forma, e, assim, baixei minha vibração! Foi o suficiente: ouvimos o
estrondo do telhado e foi tudo pelo ar!
Pensei:
-
Neiva, fracassastes depois de tantas instruções!...
Voltei
há três anos, e entendi que aquilo era mais uma experiência. Salve
Deus! Ficara decepcionada com o Exu Sete Flechas e estava sempre
preparada para seu ataque, mas falhara. Passei, então, a fazer uma
preparação, quase um ritual, para entrar em uma caverna. Tia
Neiva em “Minha Vida, Meus Amores”
Ainda
dentro deste tema podemos encontrar outras passagens:
A
Lei Negra é uma espécie de máfia, um grupo imenso de malfeitores,
do mundo invisível, e, como sua similar no plano físico da Terra,
ela escraviza seus membros, que ficam quase sem possibilidades de
libertação.
Suas
falanges são alimentadas e crescem, à custa dos espíritos nómadas
e sem protectores. E tudo isso acontece por opção do próprio
espírito, guiado por seu livre arbítrio.
Sempre
que um espírito termina seu estágio na Pedra Branca, onde ele tem a
oportunidade de conhecer a verdade sobre si mesmo, seus Mentores lhe
dão toda a assistência e lhe mostram o verdadeiro caminho. Mas a
decisão é dele, e sua chance permanece até o último instante. Se
ele tomar a decisão errada, acaba por se tornar vítima da Lei
Negra.
Existem
uns espíritos no submundo invisível que se chamam Exus Caçadores.
Eles ficam à espreita e aguardam as decisões dos espíritos recém
desencarnados. Assim que os Mentores desistem, eles entram em acção.
Aproximam-se do espírito, seduzem-no, e o levam para suas cavernas.
Lá, esses espíritos são submetidos a todas as sevícias e começam
pesado treinamento naqueles costumes, até se tornarem exus.
Tia
Neiva em “Manoel Truncado”
Como
você sabe, Neiva, os exus são um pouco produto da ganância dos
seres humanos. As invocações e chamadas só fazem aumentar suas
forças. O médium que os invoca lhes dá oportunidade de se
afirmarem nas suas metas, e isso nada tem a ver com a Umbanda!
Mestre
Amanto, sem data
Não
há qualquer espírito que passe por nossos trabalhos do qual não se
faça a entrega obrigatória! Nosso trabalho é exclusivamente de
Doutrina! Não aceitamos, em hipótese alguma, palestras, nos Tronos
deste Templo do Amanhecer, de Doutrinadores com entidades que não
sejam os nossos Mentores, espíritos doutrinários!
Mesmo
fora do Templo, consta-me que os Doutrinadores que palestraram com
exus, etc., atrasaram suas vidas, pois eles não se afastaram de seus
caminhos. A obrigação do Doutrinador é fazer a doutrina,
conversando amigavelmente com o espírito, procurando esclarecê-lo,
continuar seu amigo, porém fazer sua entrega obrigatoriamente, com o
que ressalva sua responsabilidade perante os Mentores.
Outros
Doutrinadores estão com suas vidas atrasadas simplesmente por sua
irreverência com os Mentores, acendendo para estes duas velas,
saindo fora de seu padrão doutrinário. Entre eu e os exus há um
laço de compreensão e respeito mútuo. Porém, um Doutrinador, por
não ser clarividente, não está em condições de dialogar com
eles, excepto no âmbito da Doutrina.
Tia
Neiva,em 07 de maio de 1974
Ora,
um exu é um espírito como outro qualquer, geralmente um homem de
bem, um pai de família que desencarnou normalmente. O que os torna
diferentes no mundo dos espíritos é que são cultos, cientistas,
doutores, enfim, pessoas de posição.
Desencarnam
irrealizados, cheios de pretensões, agnósticos, descrentes das leis
do Cristo. Como não crêem em coisa alguma, não aceitam as coisas
simples. Tão pronto desencarnam, são atraídos para a companhia de
entidades experientes na manipulação de forças.
Não
existem forças do mal ou forças do bem. Existem, simplesmente,
forças, que são empregadas no bem ou no mal. Depende de quem as
controla, e como as controla.
Depende
do plano de trabalho, da camada onde eles operam. Geralmente, esses
espíritos não conseguem atingir mais que um plano inferior, próximo
da superfície terrestre, onde as forças são densas, animalizadas.
Não aceitando o Cristo, a Lei do Amor e do Perdão, não sintonizam
com as forças do astral. A não ser aqueles que lidam com a Magia
Negra, que manipulam forças extraordinárias – às vezes com a
bênção de Deus – a maioria deles trabalha mesmo é com o
magnético animal – ectoplasma humano, mediunidade.
Tia
Neiva em “Sob os Olhos da Clarividente”
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