Honestidade e Conduta
Certo
dia, o Trino Araken Mestre Nestor Sabatovicz, em uma das suas aulas
dadas às quintas-feiras em sua casa a um grupo reservado de Aparás,
disse:
"Jaguares,
o que vou contar a vocês me foi contado pela Tia”. Não estou
inventando nada do que vocês vão ouvir. Pai João contou que certa
vez houve uma reunião pedida pelo Pai Seta Branca no Anfiteatro de
Capela, onde seriam recebidos os Doutrinadores Adjuntos de povos,
interessados em se consagrar Arcanos.
E
para terem acesso ao Anfiteatro foi distribuída uma sementinha de
uma flor muito rara, que os Jaguares deveriam plantar em um vaso, e
só então, depois de nascida, cada um deveria levá-la para a
reunião. Passaram seis meses e todos os Doutrinadores que receberam
a semente estavam com seus vasos nas mãos, com as mais lindas flores
até então nunca vistas. Lá no fim da fila estava um Adjunto com
seu vaso sem nenhuma flor.
Os
demais o olhavam com certo desprezo e muitos até riam do vaso sem
flor que ele conduzia. Depois de se acomodarem nos seus lugares, o
Pai Seta Branca entra no recinto em companhia do Pai João, e os dois
sentam-se silenciosamente. Então, Pai João levanta-se e chama pelo
nome (não vou falar o nome a pedido da Tia) o Doutrinador que estava
com o vaso sem a flor e o conduz até ao Simiromba, que lhe consagra
Arcanos.
Todos
os demais baixaram a cabeça ao ouvir que as sementes distribuídas
eram estéreis, e que, portanto, não dariam nenhuma flor. Assim,
somente um jaguar, em todo o grupo, tinha sido honesto e participado
da reunião com seu vaso vazio, exercendo assim a conduta doutrinária
da honestidade, o que lhe deu o direito da consagração que foi
feita pelo Pai Seta Branca naquele momento.
O
Pai, então, determinou a Pai João que fossem retirados do recinto
todos os demais jaguares, levando os seus vasos e suas flores, e
regressarem aos seus templos e informando ao seu povo o ocorrido na
reunião.
Sabe
quantos fizeram isso?
Nenhum...
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