No Umbral - carta de Tia Neiva
NO UMBRAL
MEU
FILHO JAGUAR, SALVE DEUS !
Esta cartinha é para a sua
individualidade, é para que se lembre que estou aqui, sem poder
sair, porém saudosa e me preocupando com você.
Filho: Estamos
vivendo a moderna vida doutrinária, nos limites de nossas forças.
Sim, filho, movimento espontâneo das almas, desta era para o 3 O
milénio! Não se deixe confundir, filho, nem por mim nem por
ninguém. Viva onde seu coração sentir expansão, sem conflito! Não
se nivele aos aliciadores - não responda e não se exalte. Não se
preocupe, porque cada um prestará contas somente a DEUS, que é sua
própria consciência - o que é o mesmo.
Pai Joaquim sempre me
pergunta:
- Como vai sua obra orgânica ?
Sim, filho, vamos
procurar a sintonia com as nossas coisas mais sagradas, sempre
melhorando, e você melhorando o seu ALEDÁ.
O motivo desta carta
foi uma “viagem” que eu fiz.
Todas as madrugadas eu faço o
seguinte juramento:
- Jesus! Arranque meus olhos no dia em que,
por vaidade, eu tentar enganar os que me cercam, quando desesperados,
me procurarem. Serei sábia, porque viverás em mim !
Filho, como
sabe, Deus permitiu que eu tivesse o que é meu, um cantinho nas
imediações dos UMBRAIS, no lugar chamado PONTA NEGRA. Eram três
horas da madrugada, e eu ali estava, inquieta, como se alguma coisa
estivesse para acontecer.
Realmente, não demorou muito e apareceu
uma mulher que se debatia com três ELÍTRIOS, gritando:
- Oh, meu
Deus ! De onde vieram estes bichos horríveis ?
Vi quando chegou
alguém, e ela, sofrida, contava a sua história. Nisso, chegou PAI
JOAQUIM DAS ALMAS, que me assiste em minhas viagens em outros planos.
Pedi-lhe a bênção e que me explicasse o que se passava com aquela
mulher.
- Essa mulher - explicou-me ele - amava um homem e por ele
foi amada, no amor da afinidade das almas afins. Porém, o seu amor
era obsessivo. Ele se evoluiu, enquanto ela não aceitava as coisas
que aconteciam. Ele era um pobre homem, sem luz mas era um JAGUAR e
ela também.
- Então, eles eram felizes e o VALE os separou ? -
perguntei
- Filha, a missão é do missionário ! O JAGUAR não é
espírito resignado. Em seu peito palpita a esperança e ele vive a
buscar, a conhecer o alto, os sentimentos. Filha! a esperança é uma
planta que revive em nosso SOL INTERIOR. Essa mulher era esposa de um
Mestre Jaguar. Amavam-se muito, porém o JAGUAR tem o seu destino
traçado pela DOUTRINA. Apesar do amor, ela não confiava nele e,
ainda assim, não o acompanhou. O pobre Amaro vivia sob o jugo de
Marta e ela o caluniava, destruindo seus momentos felizes. Quando
chegou à doutrina, Amaro lançou-se a ela com amor e dedicação,
trocando suas tardes de acusação e cenas de ciúmes pela realização
no trabalho doutrinário. O Jaguar do Amanhecer, lembre-se, é o
trabalhador da última hora, é o homem designado à condução de
povos. Sua companheira é responsável, também, pela mesma missão.
Amaro, cansado das eternas acusações de infiel e mau carácter, não
aguentou mais: Abandonou Marta e foi seguir a sua missão. Ela, que
jamais imaginara que isto aconteceria um dia, sempre procurando
motivos para o magoar, sentiu-se perdida. E se suicidou, deixando uma
carta acusadora, tentando, neste último gesto, criar uma situação
pior para Amaro. Ela até se esquecera que a própria família dela o
entendia e ficava ao seu lado. Tanto assim que, naquele dia, ele não
fora ao VALE e sim, almoçar com os pais de Marta, que o adoravam.
E
eu que pensara que ela estava chegando! No entanto, já estava há
três meses. . . Fiz uma prece e formei o meu IABÁ. Imediatamente,
os ELÍTRIOS a libertaram, voltando para Deus. Sua passagem foi tão
ligeira que nem houve tempo de recuperação. Por que se foram tão
facilmente ? É tão difícil conjugar a vida em dois planos. . .
-
Sim, filha - continuou Pai Joaquim - Olha quem está chegando!
Era
EUNÓBIO, acompanhado de um ÍNDIO muito bonito. Pedi a bênção a
Eunóbio, que me disse ser o índio a alma gémea de Marta.
Por
que julgar ? Por que tentar mudar as criaturas ?
Compreendi que
Marta e Amaro haviam completado o seu tempo na terra. Como é
perfeita a essa criação! Mais uma vez repito:
COMO É DIFÍCIL
JULGAR OS NOSSOS SENTIMENTOS DE VIDA E MORTE !
COM CARINHO, A MÃE
EM CRISTO JESUS
TIA NEIVA
VALE DO
AMANHECER, 11 DE JULHO DE 1983
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